Os advogados de José Sócrates no processo judicial desencadeado com a Operação Marquês acusaram o juiz Carlos Alexandre de ter “ódio pessoal” ao ex-primeiro-ministro e de demonstrar “preconceito sobre o mérito da causa”, além de não querer, ou não saber, “ser um juiz neutro e imparcial”, de acordo com uma notícia publicada no Diário de Notícias. As considerações sobre Carlos Alexandre fazem parte da peça processual em que os juristas que garantem a defesa de Sócrates fundamentam o pedido de afastamento do juiz da condução do caso.
João Araújo e Pedro Delille consideram que Carlos Alexandre tem atuado com “seguidismo ilimitado das posições e promoções do Ministério Público”, acrescenta o DN, na sequência de declarações efetuadas pelo juiz durante uma entrevista à estação de televisão SIC. Carlos Alexandre afirmou “não ter amigos no sentido de pródigos”, além de não ter “dinheiro em nome de amigos”, o que foi interpretado como uma alusão aos indícios que constam do processo sobre os fluxos financeiros suspeitos entre José Sócrates e o amigo pessoal Carlos Santos Silva.
Do ponto de vista dos advogados do ex-líder do PS, escreve o DN, Carlos Alexandre “sempre se quis referir” a Sócrates e alegam que esta perspetiva foi partilhada “por todos os comentadores de todos os setores políticos que intervêm no espaço público”. João Araújo e Pedro Delille consideram, também, que o juiz tem evidenciado um comportamento de “seguidismo” em relação às posições do procurador Rosário Teixeira, que, no Ministério Público, tem responsabilidades na investigação do caso.
“Num processo que já leva mais de 30 mil folhas, em apenas três vezes o senhor juiz se afastou”, mas sempre “em desfavor” de Sócrates, de uma posição do MP, dizem os advogados, citados por aquele jornal. Por estes motivos, concluem, a autoridade de Carlos Alexandre “ficou corrompida e a sua legitimidade colapsou”. A resposta do juiz ter-se-á limitado à citação da fundamentação de decisões que constam no processo, nomeadamente aquelas que dizem respeito a medidas de coação aplicadas a José Sócrates, e que recorda terem sido confirmadas pela Relação de Lisboa e pelo Supremo Tribunal de Justiça.
