O Cinema Trindade vai reabrir, após 16 anos de portas fechadas. A iniciativa é da distribuidora Nitrato Filmes, que devolve, assim, as sessões diárias de cinema à Baixa do Porto.
As obras ainda estão a decorrer mas Américo Santos, fundador da Nitrato Filmes, garante ao Observador que terminam em outubro, para que as duas salas possam abrir em meados de novembro. A notícia foi avançada esta quarta-feira por vários meios de comunicação. O edifício, onde também funciona o Bingo da Trindade, é propriedade da empresa Neves e Pascaud e a Nitrato pagará uma renda pelo uso do espaço.
16 anos de encerramento trazem degradação. Américo Santos promete um espaço moderno, com equipamento técnico novo, entre “projetores digitais e um sistema de som com padrões de qualidade atuais” para que a sala se ajuste aos dias de hoje. “Vai ficar bem simpático”, promete. Os custos com as obras e os equipamentos foram suportados pela Nitrato, que não revela valores. Agora, partirá em busca de apoios.
Um dos apoios chegará da Câmara Municipal do Porto. Sob que moldes, isso só se saberá numa apresentação à cidade, que deverá acontecer a meio de outubro. “É uma política de cinema para a Baixa, no sentido de criar um sentimento de pertença à cidade do Porto“, adiantou Américo Santos, remetendo mais informações para a autarquia. Contactado pelo Observador, Nuno Santos, adjunto do presidente Rui Moreira, confirma a existência de um programa sobre cinema que inclui o Trindade, mas adia até à conferência de imprensa mais pormenores.
Numa fase inicial, a entrada para as duas salas de cinema — uma com 183 lugares, outra com 168 — far-se-á pelo Bingo, que fica do lado direito do cinema. Fica prometida uma entrada independente, mais discreta, pela rua do Almada. As duas salas estão separadas por um foyer, pelo que poderão funcionar em simultâneo. “Uma vai funcionar numa lógica mais tradicional, acompanhando as estreias do momento, dentro do cinema de autor“, onde se incluem, por exemplo, Woody Allen ou Pedro Almodóvar. A outra sala terá “programação constante, com ciclos, acolhendo festivais, propostas de programadores independentes do Porto, iniciativas ligadas à arquitetura e à psicologia”, e também conferências, explica Américo Santos.
Como fundador do Festival de Cinema Luso-Brasileiro da Feira, e dando a Nitrato Filmes uma atenção especial à sétima arte que chega do outro lado do Atlântico, o cinema brasileiro estará bem presente, sobretudo “no âmbito dos ciclos”. O primeiro filme a estrear será “Porto” (inicialmente titulado “Porto, Mon Amour”), realizado pelo brasileiro Gabe Klinger e filmado na Invicta. Foi o primeiro a ter direito a apoio da Câmara do Porto de forma direta. A estreia mundial aconteceu este mês, no festival de cinema de San Sebastián.
Cada sala deverá ter “entre quatro a cinco sessões”. Américo Santos ainda não consegue dizer quanto custarão os bilhetes no Cinema Trindade. No Cinema Ideal, inaugurado em 2014 pela distribuidora Midas, os bilhetes à noite custam sete euros. Américo Santos afasta esse cenário, explicando ao mesmo tempo que nunca custarão os três euros que o Rivoli cobra para as sessões ocasionais de cinema que organiza. Os preços ainda estão em estudo e deverão rondar os cinco euros. Em desenvolvimento está a criação de um cartão de fidelização. “Temos uma política associada a eventuais parceiros, como o Rivoli e o Passos Manuel, que se reverte em descontos desse grupo de parceiros. Vamos funcionar com preços interessantes”, promete.