916kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Governo insiste e aponta a défice de 2,4% este ano

Este artigo tem mais de 5 anos

Bruxelas não desiste de esforço estrutural superior a 1.100 milhões acordado para 2017. Executivo mais perto do compromisso com a Europa, mas falta saber como vai financiar cedências ao BE e PCP.

i

LUSA

LUSA

O Governo está confiante que vai conseguir fechar o ano com um défice de 2,4%, abaixo dos 2,5% exigidos pelos compromissos assumidos com a União Europeia. Ainda assim fica acima dos 2,2% com que se comprometeu no Orçamento deste ano, apurou o Observador. As contas para o próximo ano estão mais difíceis, com a necessidade de conciliar as cedências aos partidos com os quais o PS tem um acordo de incidência parlamentar e a intransigência da Comissão Europeia, mas para já o Governo aponta a um défice de 1,7% em 2017.

António Costa já o tinha dito e será isso mesmo que o Governo irá inscrever no orçamento: um défice abaixo do acordado com Bruxelas, que coloca Portugal fora do procedimento por défice excessivo. O Governo espera conseguir que o défice fique em 2,4% do PIB este ano, número que boa parte das organizações internacionais (e algumas nacionais) considera otimista.

O valor com que o Governo está a trabalhar consegue-se, em parte, devido a uma travagem a fundo nas despesas de investimento, e mesmo em algumas de funcionamento, em áreas como a saúde ou no controlo de gastos com empresas públicas. Os riscos de derrapagem nas contas de 2016 aumentam por a receita fiscal continuar muito abaixo do previsto para a parte final do ano e ainda devido à pressão das despesas com pessoal (apontada pela UTAO).

O Governo lançou também um perdão fiscal praticamente idêntico ao do anterior Executivo em 2013, sensivelmente na mesma altura do ano (o Governo desmente, porém, que seja um perdão fiscal). O perdão de 2013, que tinha o objetivo de se conseguir atingir a meta do défice, chegou a ser criticado até pelo FMI, quando a troika de credores controlava a execução do memorando em Portugal.

A diferença poderá estar na possibilidade de os devedores pagarem a prestações durante até mais de uma década. Segundo o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, a medida faz com que a questão da receita extraordinária para este ano (sobre a qual diz não ter estimativas) saia de cima da mesa. Mas os contribuintes podem ser obrigados a pagar pelo menos 8% da sua dívida, logo à cabeça para aceder a este perdão, segundo o Jornal Económico, o que faria as verbas entrarem nas contas já deste ano.

As dificuldades do próximo ano

Mas se o caminho para cumprir a meta do défice deste ano parece ser estreito – como prova o ceticismo de organizações internacionais como o FMI e a Comissão Europeia -, a verdade é que o próximo ano pode trazer mais dificuldades. Para já, o Governo ajustou a meta do Programa de Estabilidade para cima em três décimas, de 1,4% para 1,7%, um valor que ainda pode sofrer alterações dependendo das negociações com os partidos e com Bruxelas.

Em primeiro lugar, o Executivo tem de encontrar medidas para cortar o défice estrutural em 0,6 pontos percentuais do PIB. Ou seja, o esforço orçamental para reduzir o défice – que não através do crescimento económico – terá de ser equivalente a pelo menos 1100 milhões de euros.

No Programa de Estabilidade, o Governo só se comprometia com um ajustamento de 0,35% do PIB, mas a Comissão Europeia fez saber logo em agosto — quando deu mais um ano a Portugal para sair da situação de défice excessivo –, que queria mais 0,25 pontos percentuais de ajustamento, para além dos 0,35 previstos.

Este foi o compromisso do Governo perante Bruxelas que levou a Comissão Europeia a cancelar a multa, e esta já transmitiu ao Governo que não pretende abdicar desse compromisso. Por isso, não só o Governo tem de apresentar medidas para cumprir este objetivo, como estas têm de ser validadas pela Comissão Europeia: têm de ter valor suficiente e ser consideradas de caráter estrutural (ou seja, permanentes).

Caso isso não aconteça, mesmo que o Orçamento não seja chumbado pela Comissão Europeia nas semanas que se seguem à entrega do orçamento (a Comissão tem duas semanas para decidir), a questão das sanções volta a colocar-se. O orçamento vai contar como o relatório que as autoridades europeias exigem a Portugal para que o país comprove que as exigências do Conselho para evitar sanções estão a ser cumpridas.

A Comissão tem ainda avisado publicamente que, apesar de não considerar a suspensão parcial de fundos europeus uma sanção, a verdade é que está a fazer depender o levantamento dessa suspensão às garantias que o Governo colocar no orçamento de que vai cumprir as metas com que se comprometeu.

Os problemas a ultrapassar na “geringonça”

Outra questão é conciliar o esforço exigido com Bruxelas com as exigências que o Bloco de Esquerda e o PCP podem vir a colocar.
Nesta fase, o Governo está a tentar encontrar uma forma de financiar o aumento das pensões que está a ser discutido por proposta tanto do PCP, como do Bloco de Esquerda. O aumento em 10 euros das pensões mais baixas pode custar ao orçamento mais de 400 milhões de euros, um valor que tem de ser encontrado no orçamento e com as restrições acima enunciadas.

A isto acresce que 2017 será o primeiro ano completo com pagamento por inteiro dos salários da Função Pública sem cortes, com o IVA na restauração nos 13% e com o regresso às 35 horas em alguns setores, e com a sobretaxa de IRS completamente eliminada, o que acrescenta mais pressão sobre as contas públicas face ao ano em curso.

Costa na China, Centeno em Washington

As negociações para conseguir um acordo para o Orçamento do Estado do próximo ano vão continuar com os partidos até à próxima semana, altura em que o Governo tem de apresentar o documento na Assembleia da República, mas por uns dias terão de sobreviver sem o primeiro-ministro e sem o ministro das Finanças.

António Costa estará na China estará fora do país entre esta sexta-feira e, pelo menos, a próxima quarta-feira, onde realiza uma visita oficial a Pequim, Xangai e Macau. Mário Centeno estará em Washington esta sexta-feira a participar nos encontros anuais do Fundo Monetário Internacional, mas voltará de seguida para continuar o trabalho na semana decisiva do orçamento. O secretário de Estado do Tesouro, Ricardo Mourinho Félix, ficará para o segundo dia de reuniões em representação do ministro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.