O Governo português lamentou esta segunda-feira o assassínio do dirigente da Renamo Jeremias Pondeca, no sábado em Maputo, apelando às autoridades moçambicanas para que façam “todos os esforços” para levar à justiça os responsáveis pelo crime.

O Governo Português deplora o assassinato, no dia 8 de outubro, de Jeremias Pondeca, membro da delegação da Renamo na Comissão Mista para a Preparação do Diálogo de Alto Nível e transmite as suas condolências à família enlutada”, indicou o Governo português numa nota enviada esta segunda-feira às redações, um dia depois de ter sido noticiado o crime.

Na mesma nota, Portugal apelou às autoridades moçambicanas “para que todos os esforços sejam envidados no sentido de identificar e julgar os perpetradores deste ato”, que classificou como “deplorável”.

“O processo de diálogo político em curso em Moçambique é um testemunho da aspiração de todos os moçambicanos por um futuro de paz, segurança, desenvolvimento e estabilidade”, realça o executivo português, acrescentando que “a via do diálogo permanece a única forma de encontrar consensos duradouros”.

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Por isso mesmo, concluiu, “todas as partes envolvidas” devem “manter o seu empenho num processo franco e construtivo, rejeitando todas as formas de violência”.

Portugal, que se orgulha de ser um parceiro sólido de Moçambique, continuará a procurar contribuir para o desenvolvimento do país, no âmbito de uma parceria com responsabilidades partilhadas e benefícios mútuos”, sublinha o Governo.

Jeremias Pondeca, antigo deputado e membro do Conselho de Estado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), foi assassinado no sábado em Maputo, disse à agência Lusa o porta-voz do maior partido de oposição.

A polícia confirmou que o seu corpo foi encontrado ontem (sábado) por volta das 07h00 (06h00 de Lisboa), mas só foi identificado hoje (domingo) “, disse à Lusa António Muchanga, referindo que o ex-deputado foi atingido por várias balas.

O porta-voz da Renamo disse que Jeremias Pondeca saiu de casa na madrugada de sábado, com destino à praia da Costa do Sol, para fazer os habituais exercícios matinais, mas nunca mais voltou.

Preocupada com o seu desaparecimento, prosseguiu Muchanga, a família contactou as autoridades, que só conseguiram identificar o corpo na manhã desta segunda-feira na morgue do Hospital Central de Maputo.

“Pensamos que estamos a negociar e temos este tipo de situações”, lamentou o porta-voz da Renamo, numa alusão aos trabalhos da comissão mista do partido de oposição e do Governo moçambicano, que procuram um entendimento para encerrar a crise política e militar no país.

Após um interregno de uma semana, as negociações de paz são retomadas esta segunda-feira na presença dos mediadores internacionais.

A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder há mais de 40 anos) de ter cometido fraude no escrutínio.