Desde pequenos que ouvimos que não devemos julgar um livro pela capa, mas a verdade é que as pessoas julgam-se umas às outras pela sua aparência. Não deviam, mas fazem-no. Constantemente. Isto é o que defende Rita Carvalho, consultora de comunicação e imagem e autora do livro Imagem Profissional — Guia de Estilo, oficialmente lançado esta sexta-feira.

Ao longo de mais de 300 páginas, a também blogger explica quão importante é criar uma boa primeira impressão, sobretudo no mercado de trabalho, e que pormenores se deve ter em atenção — desde a forma como nos devemos apresentar numa entrevista de emprego ao cuidado com a imagem nas redes sociais. São muitas as lições práticas a retirar do guia, pelo que com a ajuda da autora reunimos aquilo que consideramos ser o essencial para andar sempre bem apresentada/o. E antes de avançarmos, fica aqui uma primeira dica: a nossa imagem não é só aquilo que vestimos.

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O livro foi publicado pela Casa das Letras e custa 14,90€.

Procure causar uma boa primeira impressão

Parece quase desnecessário explicar quão importante pode ser a primeira impressão num contexto laboral, mas usemos os números para o fazer: sabia que as pessoas formam até 90% da sua opinião ao fim dos primeiros quatros minutos e que 60 a 80% do impacto causado é de natureza não verbal? Antes que aponte o dedo acusador e desenrole a língua para dizer “que fútil”, recordamos que a imagem de alguém é muito mais do que a sua aparência. Em causa está também o comportamento, a postura e os valores — e isso sim, diz respeito à tal linguagem não verbal. “A imagem é muito mais do que aquilo que vestimos”, lembra Rita Carvalho, garantindo que todos os detalhes contam num mundo profissional onde as pessoas tendem a representar empresas ou marcas.

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O que não levar a uma entrevista de trabalho?

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A pensar no que não levar a uma entrevista de trabalho, Rita Carvalho faz uma lista dos itens proibidos:

  • decotes acentuados;
  • minissaias;
  • maquilhagem ou perfume em excesso;
  • roupa com brilhos;
  • calças de ganga ou leggins;
  • ténis;
  • acessórios exuberantes ou de má qualidade e
  • calções muito curtos.

 

Seja numa reunião com um cliente importante ou numa entrevista exclusiva, a consultora de imagem afirma que para garantir uma boa primeira impressão é necessário ter em conta as circunstâncias do encontro. Imaginemos que se trata de uma entrevista de emprego, nesse caso é preciso considerar o tipo de trabalho e de empresa — um escritório de advogados, por exemplo, implicará quase sempre a obrigatoriedade de um dress code mais formal, pelo que o ideal é apostar num estilo discreto e sóbrio tanto quanto possível. As regras mudam caso a entrevista seja numa área mais criativa, mas há dicas universais a ter na algibeira: quanto mais elevado for o cargo a que uma pessoa se candidata, mais formal deve ser a apresentação e, acima de tudo, é fundamental que uma pessoa se sinta confiante e confortável.

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© Ana Gil

Controle a sua imagem nas redes sociais

Não é só na fase de recrutamento que a imagem que se tem nas redes sociais pode prejudicar ou beneficiar uma contratação. O mais provável é que as páginas de Facebook e de LinkedIn dos candidatos a um cargo sejam inspecionadas de uma ponta à outra na medida do possível, mas desengane-se quem achar que o processo de avaliação fica por aqui — ele é contínuo. “Há determinadas imagens e informações que se devem evitar publicar”, diz Rita Carvalho, recordando que numa mesma rede social podem estar familiares e amigos, mas também colegas de trabalho e até chefes. O truque é lembrar-se constantemente de que está a ser observado:

Referências a drogas ilegais, sexuais ou álcool; erros ortográficos ou gramaticais e linguagem ofensiva são os pontos negativos que mais impacto têm a nível profissional. Não confunda informalismo com desleixo, irresponsabilidade ou rebeldia. Comentários sobre processos internos e projetos da empresa, que impliquem confidencialidade, ou considerações negativas em relação a crenças religiosas, partidos políticos e discriminação racial ou social, podem custar-lhe o emprego.”
(pág. 42 do livro Guia de Imagem Profissional)

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Rita Carvalho é consultora de imagem e comunicação. (Foto: Carlos Ramos)

Escolha as cores que melhor lhe assentam

Há cores que nos favorecem e outras que, bem pelo contrário, conseguem acentuar rugas ou até o cansaço (é o caso de quem usa o preto junto do rosto). Aliás, as cores devem ser escolhidas em função da sua temperatura (sejam quentes, como o laranja ou o amarelo, sejam frias, como o azul ou o lilás), intensidade (claras, médias ou escuras) e luminosidade (tons pasteis ou vivos). Independentemente disso, todas as cores ajudam a contar uma história porque estão associadas a diferentes mensagens. O azul — tido como um dos tons mais consensuais — transmite confiança e estabilidade, enquanto o encarnado remete-nos de imediato para a paixão, força e poder. Já o bege está associado à elegância, o verde à natureza e seus amantes e o amarelo ao otimismo. “As cores têm muito que ver com a personalidade e é preciso considerar o impacto visual que criamos ao usar determinado tom”, diz a consultora de imagem.

As cores escuras e opacas têm o efeito de adelgaçar a silhueta, enquanto as tonalidades claras e brilhantes aumentam o volume do corpo. Recorra às cores mais vivas e claras nas zonas do corpo que pretende destacar, e aos tons neutros e mais escuros nas áreas que gostaria de disfarçar.” (pág. 121)

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© Ana Gil

Aprenda a valorizar o seu corpo

Dress code à parte — que deve ser encarado como um conjunto de orientações dadas pela empresa –, é fundamental ter-se noção do tipo de corpo de modo a tirar partido dos pontos fortes e atenuar o que se considera serem os pontos fracos. No livro, Rita Carvalho identifica cinco biótipos corporais femininos — ampulheta, retângulo, triângulo invertido, oval e pera — e outros cinco masculinos — triângulo invertido que tem a forma de funil, trapézio ou cone, oval, triângulo e retângulo. Para cada um deles há indicações específicas, não que isso impeça a consultora de imagem de dar alguns conselhos mais gerais, agora no feminino:

  • para mulheres com ancas mais largas, Rita Carvalho aconselha saias evasé (em formato A) por não vincarem tanto o corpo e as suas curvas. As saias plissadas estão fora de questão, bem como quaisquer volumes, incluindo bolsos ou pinças;
  • para mulheres com ancas mais estreitas e que procuram acentuar curvas, o ideal passará por saias com mais volume, folhos ou estampados, sendo que, neste caso, os bolsos já são bem-vindos;
  • para mulheres com peito grande, o conselho é não usar colares na linha do peito (porque chamam mais atenção para a dita zona) e optar antes por colares na vertical ou junto ao pescoço; os folhos são um no-no, bem como peças de roupa com grandes detalhes a incidir na zona do peito;
  • para mulheres com peitos mais pequenos, a dica passa por usar um drapeado, camisas com riscas horizontais e decotes à barco, ou colares com mais volume e padrões que também criam textura.

Tenha sempre à mão roupas e acessórios básicos

Há 90 anos o vestido preto foi imortalizado com o contributo da Vogue norte-americana que, então, o colocou nas suas páginas — tratava-se do esboço de um vestido preto desenhado por Coco Chanel que com o tempo seria batizado de LBD. Pois bem, acontece que o little black dress é considerado uma das peças-chave no estilo de qualquer mulher. E como esta há outras que servem de base para criar um bom guarda-roupa, uma vez que permitem criar mais conjuntos e são facilmente acompanhadas pelas tendências que vêm e, às vezes, (não) voltam. Falamos de roupas e acessórios intemporais e com cortes mais clássicos que merecem o investimento. Eis alguns exemplos:

  • para elas: camisa branca, blusas com decote em V, saia justa evasé, blazer clássico, calças de corte a direito, jeans escuros e gabardine, na roupa; cinto fino ou médio preto e castanho, mala estruturada de tom neutro, relógio clássico, sapatos de salto médio de tom neutro e echarpe ou cachecol, no que diz respeito a acessórios;
  • para eles: fato completo (azul será a cor mais indicada), camisas brancas, polos, calças de alfaiataria, blazer, blusão de pele, gabardine, sobretudo e cachecol, na roupa, e relógio e carteira de bolso nos acessórios.
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© Ana Gil

Vista-se de acordo com a função e o lugar

“O maior erro que se comete é não ter em conta o contexto profissional e as características das pessoas: nem tudo deve ser usado em todas as situações”, garante Rita, que se apressa a dar exemplos. No local de trabalho, seja ele mais ou menos formal, devem ser excluídos grandes decotes, transparências, calças rasgadas e de cintura baixa e minissaias, no caso das senhoras, e ainda tamanhos demasiado grandes ou pequenos, roupa por engomar e/ou por limpar, dicas aplicáveis a ambos os sexos.

Na hora de escolher um coordenado para o trabalho, tenha em conta quatro fatores: o seu tipo de corpo, idade, contexto e profissão. Não se esqueça de que a imagem é o seu cartão de visita e que transmite um ponto de vista. Se quiser causar uma boa impressão esteja atenta/o a todos os pormenores.” (pág. 67)

Invista na sua imagem profissional

Tantos conselhos podem, num primeiro instante, deixar muito boa gente confusa, pelo que Rita Carvalho não se despede sem antes explicar o que deve ter em conta antes de começar a (re)investir na sua imagem profissional. Ter consciência do seu corpo é, sem dúvida, um dos primeiros passos, o que deve ser sucedido pela identificação das necessidades individuais de acordo com o estilo de vida de cada um. Não esqueçamos que o mais provável é passarmos a maior parte do tempo no local de trabalho e não em casa, entre familiares e amigos. A isso acresce-se a necessidade de ter um bom guarda-roupa no que a básicos diz respeito e ir às compras no seu armário antes de pensar em entrar numa loja de eleição — é preciso perceber o que faz falta e comprar peças que combinem com as já existentes.

Dados os conselhos, dê largas à imaginação e passe umas horinhas à frente do espelho. Se quiser, também pode procurar inspiração nestes 23 looks femininos.