A maior empresa de diamantes do mundo, a De Beers, está a investir milhões de dólares na Debmarine Namibia, uma operação de mineração marinha de diamantes, ao longo da costa de África. É caso para dizer “diamonds are the De Beers best friends“.

A uma dúzia de milhas ao largo da extremidade sudoeste da costa atlântica de África, uma máquina de vácuo de 285 toneladas opera a 120 metros pés abaixo do nível do mar, para encontrar e extrair os diamantes mais valiosos do mundo do fundo do oceano.

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A máquina de 9 milhões de euros faz parte de uma operação única de mineração marinha de diamantes, designada Debmarine Namibia. Trata-se de uma aventura conjunta entre a De Beers, uma unidade da Anglo American e o governo da Namíbia. A mina marinha emergiu como um veículo raro de receitas nos mercados de matérias-primas, que estão a definhar nos dias de hoje.

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A remota e ‘secreta’ operação, descoberta pelo The Wall Street Journal, só é acessível a partir de uma viagem, de 30 minutos, de helicóptero desde Oranjemund, uma cidade construída para os trabalhadores da indústria de mineração de diamantes e para as suas famílias, na zona de Sperrgebiet — “Forbidden Area” — onde uma vez se extraiu uma pá cheia de diamantes das dunas.

A Anglo American, outra empresa de mineração, está a cortar custos, descarregando a maioria dos seus ativos e despedindo mais de metade dos seus funcionários. Mas a De Beers está a investir na cada vez mais lucrativa operação marítima de mineração, que está a render alguns diamantes da melhor qualidade do mundo. Operações como a Debmarine destacam como o iminente encerramento das minas mais antigas e a iminente escassez de diamantes estão a forçar os mineiros a explorar novas tecnologias e reservas.

Não metemos o pé no acelerador de qualquer investimento”, afirma BruceCleaver, o chefe-executivo da De Beers.

Para a expansão submarina, o grupo conta ainda o navio SS Nujoma, no valor de 166 milhões de dólares, mandado fazer para a operação, que chegou à Cidade do Cabo, a partir da Noruega, em agosto. De Beers diz que o barco irá praticamente duplicar o número de pedras preciosas descobertas por dia, no fundo do mar.

Como há pouca perturbação, a De Beers diz que o impacto ambiental é pequeno comparado com a mineração em terra.

Não transformamos quilómetros e quilómetros de área no mar. Os nossos fundos marinhos recuperam — não é uma destruição total” disse Jan Nel, gerente de operações da Debmarine. “Nós não usamos químicos e devolvemos todos os materiais, exceto os diamantes”.

Mas muitos questionam a prática e os seus efeitos sobre um ecossistema relativamente inexplorado. “Não há muito conhecimento sobre o impacto destas técnicas” argumenta Emily Jeffers, advogada do Center for Biological Diversity.

Sabemos mais sobre a superfície da lua do que sobre o fundo do oceano”, diz Jeffers.

Os navios da Debmarine empregam tecnologia de muitas indústrias diferentes — desde a perfuração de petróleo até à conservação de fruta — para criar um sistema único de exploração mineira marinha de diamantes. A bordo dos navios seguem máquinas de recuperação de diamantes, que moem as rochas, do fundo do mar, com esferas de aço. Para cada 180 toneladas moídas, é quase recuperada uma mão-cheia de diamantes.

Na sala de recuperação de alta segurança — onde os diamantes e outras pedras passam por máquinas de raios X — os funcionários têm de passar um cartão e a sua impressão digital pelo leitor, para conseguirem entrar e são rigorosamente revistados à saída.

Os diamantes são finalmente colocados num recipiente selado, semelhante a uma lata de sopa, e guardados num cofre. Um helicóptero, algumas vezes por semana, leva os diamantes para Windhoek, a capital da Namíbia, para analisar a sua pureza e classificá-los.

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Até agora, as operações da De Beers na Namíbia minaram cerca de 16 milhões de quilates no mar e cerca de 6 milhões na terra. A Debmarina acredita que no mar, existe pelo menos a mesma quantidade de diamantes já extraída da terra.

Debmarine tem uma licença de mineração exclusiva para perto de 2.300 milhas quadradas de área offshore e tem explorado menos de 3% dessa área. O grupo acredita que pelo menos um quarto da área tem diamantes, o que deve levar cerca de 50 anos a extrair, disse Jan Nel.