O Banco Central Europeu (BCE) admite que a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE) produza “efeitos adversos de contágio a médio prazo” na economia da zona euro.
No seu último boletim económico, publicado hoje, o BCE disse que os últimos dados mostram que a zona euro resistiu e que, até agora, foi limitado o impacto do referendo que determinou a saída britânica da UE (‘Brexit’).
Mas, “no futuro, não pode ser afastada a possibilidade de efeitos de contágio adversos a médio prazo na zona euro”, afirmou o BCE.
O impacto depende de como será o comércio da zona euro com o Reino Unido e os efeitos de contágio noutros países.
O BCE também considera a possibilidade de a atividade económica da zona euro poder ser estimulada, por exemplo, com a relocalização de serviços financeiros ou por um aumento dos fluxos de investimento externo na zona euro reorientados a partir do Reino Unido.
Para a instituição liderada por Mario Draghi, a atividade económica no Reino Unido tem-se mostrado resistente apesar da incerteza após o referendo, o que é observado em diversos indicadores de consumo privado, confiança do consumidor e vendas a retalho.
Todavia, “a incerteza parece ter afetado o investimento”, considera o BCE.
A libra esterlina sofreu uma depreciação acentuada nos dias que se seguiram ao referendo de 23 de junho, teve alguma estabilidade durante o verão e em setembro e outubro voltou a cair.
“No total, a libra registou uma desvalorização de 15% em termos nominais efetivos desde o referendo”, segundo cálculos do BCE.
O banco central assinala ainda que “os mercados bolsitas recuperaram da brusca queda verificada nos dias posteriores ao referendo”.
Para o futuro, o BCE espera um abrandamento da atividade económica no Reino Unido.
O BCE prevê que a incerteza continue a afetar o investimento no futuro e que a desvalorização da libra reduza os rendimentos, o que afetará o consumo privado, embora favoreça a procura externa.