Um dos poemas de Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, deu o mote para uma nova edição do seu poema “Tabacaria”, numa caixa de madeira, com 25 fotografias inéditas, colocada no mercado no dia 23.
“A caixa em que a obra de Fernando Pessoa fica agora depositada é de madeira de álamo ou choupo (populus alba), revestida de uma orla em madeira de ‘maple’ (aceraceae), duas faces da madeira, capa e contracapa, têm impressão direta UV e a lombada da caixa foi impressa a laser 50W, com acabamento final com proteção de verniz mate”, explicou à agência Lusa fonte da editora Guerra & Paz, que chancela a edição.
Num dos seus poemas, Álvaro de Campos escreveu: “Sentindo húmida da noite a madeira onde agarro,/Debruço-me para o infinito e, um pouco, para mim”, este foi o mote para a nova edição de “Tabacaria”, um poema escrito em 15 de janeiro de 1928, pelo “engenheiro naval” Álvaro de Campos, publicado na revista Presença, em julho de 1933.
Com “Tabacaria”, é editado um álbum com 25 fotografias inéditas da Baixa de Lisboa, dois volumes que “vêm presos numa meia caixa de choupo, seccionada transversalmente”. “Esta caixa-livro é obra de uma empresa portuguesa, de Proença-a-Nova, a Ambienti d’Interni, que recentemente brilhou nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, fazendo as inovadoras caixas com as medalhas, que premiaram os atletas”, disse fonte editoral.
O empresário Carlos Silva, da Ambienti d’Interni, realçou à Lusa: “Desta vez respondemos ao desafio da Guerra e Paz editores. Trouxeram-nos um livro de Fernando Pessoa e o que nós fizemos foi procurar os materiais e as formas que pudessem ser equivalentes à delicadeza e à elegância do livro”.
“Nunca tínhamos feito um livro com estas dimensões e encontrámos, nesta empresa de Proença-a-Nova, o parceiro inovador certo para o projeto. Olha-se para o objeto e, se bem que a dimensão lá esteja, o que privilegiadamente vemos é a elegância”, afirmou por seu turno o editor da Guerra & Paz, Manuel S. Fonseca.
“É um livro, mas é um livro que nos traz um som diferente. Como num verso disse Álvaro de Campos: ‘O ruído do ranger da madeira é dentro da alma…'”, realçou o editor, acrescentando, “nunca a ‘Tabacaria’ de Álvaro de Campos e Fernando Pessoa tinha tido uma música assim”. Para Carlos Silva, esta edição é o “resultado do encontro inovador” de duas empresas, uma da indústria da madeira, outra da indústria livreira.
“Numa edição monumental, ‘Tabacaria’, de Álvaro de Campos, vai chegar às noites húmidas que aí vêm, numa madeira pronta a enfrentar o infinito”, rematou à Lusa fonte da Guerra & Paz.