O presidente do BCP, Nuno Amado, disse nesta quarta-feira que espera que seja voluntária a participação dos bancos em Portugal numa eventual solução para limpar dos balanços o crédito malparado. “Acho que não vai haver uma solução impositiva, mas sim colaborativa. Estamos dispostos a colaborar e a analisar”, disse hoje o presidente do BCP em conferência de imprensa, na apresentação dos resultados da instituição até setembro.
No entanto, acrescentou que até à data “não tem conhecimento de propostas originadas de quem está a tratar o tema” e acrescentou que qualquer decisão por parte do banco será tomada apenas depois de conhecer a solução em causa e depois de ser iniciado o processo de “diálogo” com quem está a desenhar o eventual ‘banco mau’.
O responsável pelo maior banco privado português afirmou ainda que o BCP, mesmo sem veículo para limpar o malparado, tem feito o trabalho de reduzir os NPE [non-performing exposures ou exposições não produtivas, na tradução do Banco de Portugal], referindo que estes ativos eram de 12 mil milhões de euros em 2014 e que o banco tem vindo a reduzir e quer atingir 7,5 mil milhões de euros até ao próximo ano.
A criação de um veículo para retirar crédito malparado do balanço dos bancos portugueses tem sido definida como uma das prioridades do Governo para o setor financeiro, sendo que a informação avançada pela imprensa é que poderá sobretudo ajudar BCP, Novo Banco e Montepio.
O BCP anunciou hoje um prejuízo de 251,1 milhões de euros entre janeiro e setembro, que compara com o lucro de 264,5 milhões de euros em igual período do ano passado.
“Os resultados contabilísticos foram muito afetados pelas dotações extraordinárias que fizemos para a carteira de imparidades. Trata-se de itens não habituais e não recorrentes”, salientou o presidente Nuno Amado durante em declarações aos jornalistas na apresentação das contas, em Oeiras.
Este ano, até setembro, o BCP constituiu mais de 1.000 milhões de euros de imparidade (sobretudo para fazer face a crédito malparado), considerando Nuno Amado que 400 milhões de euros referem-se a um “reforço extraordinário de provisões” que não espera voltar a repetir.