A Skoda não se tem poupado a esforços para promover o seu novo SUV de grandes dimensões, destinado a concorrer num dos mais apetecidos e disputados segmentos do mercado do momento. Agora, foi tempo de a imprensa internacional colher as primeiras impressões in vivo do Kodiaq, cujo lançamento comercial está agendado para a próxima Primavera.
E o primeiro impacto é causado pela aparência exterior, com o modelo a impor-se de outra forma quando integrado numa paisagem real, longe das luzes da ribalta e dos palcos em que foi o único dominador. Bem mais imponente do que o que aparenta em fotografia é, também, menos elegante, não obstante até ser, depois do Superb, o segundo modelo a adoptar a nova linguagem de design, mais expressiva, da Skoda, assim a transportando para o mundo dos SUV.
Não significa isto que não possua identidade própria, ou a eficácia aerodinâmica patente no Cx de 0,33. É, de igual modo, o primeiro Skoda a oferecer uma iluminação exterior integralmente por LED, opcional disponível em todos os três níveis equipamento propostos: Active, Ambition e Style. Mas que não é tão gracioso quanto parece nas imagens captadas pelas objectivas profissionais, lá isso não é.
Tão ou mais importante do que a imagem será a forma como se posicionará no mercado. E, aqui, começa a perceber-se melhor o porquê de tão generosa volumetria exterior: os 4.697 mm de comprimento (38 mm mais do que o Octavia, 210 mm mais do que o Tiguan), os 1.882 mm de largura e os 1.676 mm de altura visam assegurar que o interior, onde pontifica uma qualidade de construção e de materiais de nível superior, tenha como um dos principais argumentos a habitabilidade, que promete estar praticamente ao nível da oferecida por modelos do segmento superior, como é tradição na Skoda.
Decisivo pode ser, ainda, outro “pormaior”: o Kodiaq também vai propor variantes de sete lugares. Para o que é fundamental a distância entre eixos de 2.791 mm, contra os 2.677 mm oferecidos pelo VW Tiguan ou os 2.640 mm oferecidos pelo Seat Ateca (de que o futuro Yeti será rival directo) – tudo modelos do género construídos sobre a mesma plataforma modular MQB. Os bancos da segunda fila contam, de série, com regulação longitudinal (180 mm) e da inclinação das costas (entre 17° e 27º) – na configuração de sete lugares, rebatendo e avançando para facilitar o acesso à terceira fila de bancos escamoteáveis. A qual, contudo, não é brilhante, como não o é o espaço aí disponível: para que por lá possam viajar adultos, desde que não muito corpulentos, é forçoso que os ocupantes da segunda fila façam algumas concessões ao conforto, avançando os seus próprios assentos. Nada de muito diferente do que acontece com a maior parte dos SUV deste porte com lotação para sete ocupantes.
Em compensação, a bagageira é a maior da classe, oferecendo uma capacidade que varia entre 720 e 2.065 litros na versão de cinco lugares. No Kodiaq de sete lugares, com as três filas de bancos montadas, o volume da mala é de 270 litros, subindo para 630 litros na configuração para cinco ocupantes. Para reforçar a sua vertente prática, do lote de opções fazem parte o portão traseiro de operação eléctrica, o sistema “mãos-livres” para a respectiva abertura e fecho e os manípulos que permitem rebater, a partir da bagageira, os bancos da segunda fila.
Como não podia deixar de ser, aquelas funcionalidades a que a Skoda já habituou os seus adeptos, sob a designação Simply Clever, também não podiam faltar: no Kodiaq existem mais de 30, sete delas novas. Em destaque, as protecções em plástico dos rebordos das portas, automaticamente activadas através de molas sempre que estas são abertas, recolhendo no fecho, e assim evitando que embatam na parede ou noutros veículos – algo que quem estacionar ao lado de um Kodiaq, por exemplo, num centro comercial muito irá enaltecer.
Já o In-Car Communication é uma função do sistema de infoentretenimento, que, fazendo uso do microfone do sistema mãos-livres, grava a voz do condutor e depois a reproduz através dos altifalantes traseiros – solução que promete ganhar adeptos entre os pais e mães de família com rebentos mais “activos” (leia-se: desobedientes…).
Ajudas ao condutor
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Em opção, ou não, isoladamente ou em pacote, dependendo das versões e mercados, estão disponíveis o Area View (mais uma estreia na Skoda, é o nome dado ao sistema de visão panorâmica assegurado por várias câmaras), o cruise control adaptativo ACC, o assistente à manutenção na faixa de rodagem, a monitorização do ângulo morto, o alerta de tráfego pela traseira, o Travel Assist com reconhecimento de sinais de trânsito, o sistema que conduz autonomamente o veículo nas filas de trânsito (até aos 60 km/h, desde que equipado com ACC e caixa automática), o alerta de atenção do condutor e o Crew Protection Assist (na iminência de uma colisão, fecha automaticamente as janelas e o tecto de abrir, e tira a folga dos cintos).
Segurança e conectividade também não são palavras vãs. A plataforma Skoda Connect propõe evoluídas soluções de entretenimento e conectividade, incluindo o acesso e a assistências remotos. Em termos de segurança, e de série, o Kodiaq, com uma capacidade de reboque de 2.500 kg, propõe em todas as versões o Trailer Assist (dispositivo que, nas manobras de marcha-atrás com atrelado, assume o controlo da direcção, e ainda é capaz de imobilizar o veículo quando detecta um obstáculo não visualizado pelo condutor), o alerta de proximidade para o veículo da frente com travagem automática de emergência, o Multi-Collisson Assist e os proverbiais sete airbags (frontais e laterais dianteiros, de cortina e para os joelhos do condutor).
Na sua fase de lançamento, o Kodiaq será proposto com três motores a gasolina TSI e dois turbodiesel TDI, todos com injecção directa de combustível e turbocompressor. Do primeiro grupo fazem parte o 1.4 TSI, nas suas derivações de 125 cv e 200 Nm, e de 150 cv e 250 Nm, assim como o 2.0 TSI com 180 cv e 320 Nm. Contudo, a Portugal interessa particularmente a unidade 2.0 TDI, e em especial a sua versão de 150 cv e 340 Nm, ainda que da oferta faça também parte a variante de 190 cv e 400 Nm.
E isto porque o 2.0 TDI de 150 cv é o único Kodiaq a gasóleo a poder contar com tracção apenas dianteira, elemento decisivo para poder praticar entre nós um preço menos penalizado pelo fisco e, sobretudo, pagar Classe 1 nas portagens nacionais. O que facilmente dele fará o best-seller da gama em Portugal, mesmo que só possa montar a caixa pilotada de dupla embraiagem e sete velocidades DSG7 de nova concepção – mais compacta do que a anterior, suporta até 600 Nm e consegue andar “à vela” sempre que o condutor alivia a pressão sobre o acelerador acima dos 20 km/h, aqui fazendo a sua estreia na gama da Skoda.
E no todo-o-terreno?
Os adeptos das incursões fora de estrada gostarão de saber que os Kodiaq 4×4 recorrem ao sistema de tracção integral com embraiagem multidisco, encarregue de repartir a potência entre os dois eixos. E que anunciam 187 mm altura ao solo; um ângulo de ataque de 19,1°, de saída de 15,6° e ventral de 19,7°. Aqui, o opcional sistema Driving Mode Select, que ajusta a resposta do motor, da caixa DSG, da direcção assistida e do ar condicionado, além dos modos Eco, Normal, Sport e Individual, oferece um inédito modo Snow, que actua ainda sobre o ABS e sobre o controlo de tracção e estabilidade, ajustando a respectiva resposta a condições de aderência francamente reduzida.
Também opcional é a suspensão activa DCC, com amortecedores controlados através de válvulas eléctricas. Conta com os modos Comfort, Normal e Sport, a que se junta o modo 4×4 nas versões de tracção total, o qual tem por missão adaptar a resposta do chassi, a gestão do motor e o ABS à prática do todo-o-terreno.
Primeiras impressões em Palma de Maiorca
Ao volante das versões 4×2 e 4×4 do Kodiaq 2.0 TDi de 150 cv, começou por agradar a disponibilidade do motor, e o seu contido ruído, sensação reforçada por uma insonorização de bom nível. A caixa DSG7 é um bom auxiliar da unidade motriz, garantindo uma resposta imediata na generalidade das solicitações, trocas de mudança rápidas e suaves, e nem sequer se furtando a uma utilização mais intensa e exigente.
Sempre extremamente confortável, e deveras estável a alta velocidade, o Kodiaq prima ainda por uma bem afinada direcção e pelo óptimo controlo dos movimentos da carroçaria em curva, mesmo nas retorcidas estradas de montanha de Palma de Maiorca, nalguns troços percorridas sob copiosos aguaceiros – e o melhor elogio que se lhe pode fazer neste particular será, porventura, que rapidamente o condutor se esquece das suas dimensões e de um peso de 1.885 kg. Claro que, abusando, a frente tende a alargar a trajectória, o que é ainda mais evidente nas versões de tracção dianteira. Mas, para que tudo regresse ao seu devido sítio, na maioria das vezes basta afrouxar a pressão sobre o pedal da direita, com o modelo a nunca perder a compostura, mesmo com a electrónica desligada e quando dele se exige aquilo para que não foi concebido.
Resumindo… e concluindo
Por tudo isto, e em teoria, não faltarão predicados para que o Kodiaq possa enfrentar uma concorrência de peso sem complexos. Só que, na prática, para que tal seja possível, e tendo em conta o histórico e/ou a imagem de marca de alguns dos seus maiores rivais, poder dispor de um preço competitivo poderá ser um factor determinante – sendo, por isso, certa a disponibilização no nosso país de uma versão abaixo dos 40 mil euros.
Por outro lado, o facto de poder contar com sete lugares pode ser um argumento de peso, não estando posta de parte a possibilidade de, em Portugal, todos os Kodiaq contarem de série com esta configuração. Tudo elementos a confirmar lá mais para Abril, quando o novo SUV da Skoda chegar, efectivamente, ao mercado luso.