Aquela que começou por ser apenas “mais uma marca chinesa”, tornou-se num par de anos numa marca de referência no mercado, ocupando atualmente um lugar no top 5 dos smartphones mais vendidos no mundo.

O Huawei nova foi anunciado a 1 de setembro, em Berlim, e é a mais recente aposta no segmento médio. O Huawei Mate 9 é o último modelo da gama alta e foi apresentado no dia 3 de novembro, em Munique, um phablet (o termo utilizado para designar os smartphones de grandes dimensões) que se destaca da concorrência, entre outros aspetos, pelo tamanho.

Huawei Mate 9 (esq.ª) e Huawei nova (dir.ª) têm quase 1 polegada de diferença, mas ambos ficam bem na mão

Apesar de se tratarem de telemóveis de segmentos diferentes, ficamos impressionados com o desempenho do Huawei nova, e por isso decidimos comparar este modelo com o Mate 9. Isto pode parecer pouco lógico, mas vamos por pontos:

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Características gerais

Huawei nova

Sendo este um smartphone de gama média, apresenta-se com funcionalidades bastante avançadas. Podemos contar com um design bastante elegante, em metal curvo, que se adapta bastante bem à mão. O ecrã é de 5 polegadas, a câmara frontal tem 8 megapixéis e a traseira 12 megapixéis, com uma lente de grande angular. Conta ainda com um sensor de imagem especialmente adaptado para os momentos de baixa luminosidade. Grava vídeos em 4K, sendo assim o primeiro equipamento desta gama a realizar esta função.

A bateria está dentro da média atual: 3020 mAh. No entanto, a gestão de energia feita pelo sistema é algo que merece destaque. Facilmente se consegue obter dois dias de autonomia mesmo com uma utilização moderada.

Está equipado com um processador snapdragon 625 (que consegue um desempenho que consideramos surpreendente) e com 3GB de RAM. O sistema operativo é o Android 6.0 com a EMUI 4.1 e custa 399.99€.

Huawei Mate 9

O topo de gama da marca vem um pouco mais bem equipado, como seria de esperar. O corpo deste phablet é também em metal e, apesar das grande dimensões, não causa muitos problemas quando o seguramos, no entanto quase que obriga a utilizar sempre as duas mãos.

O ecrã é de 5.9 polegadas, a câmara frontal tem 8 megapixéis e, na traseira, possuí a segunda geração de dupla câmara Leica (introduzida no P9), sendo que a que fotografa a cores (RGB) tem 12 megapixéis e a que fotografa a preto e branco (monocromática) tem 20 megapixéis. E claro, grava vídeos em 4K tal como o irmão mais novo.

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A segunda geração das câmaras duplas da Leica apresentam bons resultados, apesar de ser duvidosa a utilização das duas em simultâneo.

A bateria presente neste (grande) smartphone tem uma capacidade de 4000 mAh que consegue aguentar dois dias de utilização regular. No entanto, durante o tempo de teste, não chegava ao final do segundo dia com tanta carga como o nova. No Mate 9 podemos contar com um sistema de carregamento rápido.

Está equipado com um processador Kirin 960 aliado a um sistema que promete correr qualquer aplicação depressa e, através da aprendizagem inteligente, fazer uma gestão do sistema para que este se mantenha sempre rápido. O sistema operativo é o Android 7.0 com a EMUI 5.0 e está à venda por 699.99€.

Rapidez e poder de processamento

Para nossa surpresa, neste ponto, o Huawei nova merece uma salva de palmas. Não, não teve melhores resultados que o Mate 9, mas também não teve um comportamento esperado para um smartphone incluído na gama média. Num teste rápido, que passou por abrir as mesmas aplicações em simultâneo nos dois dispositivos, claro que o Mate teve o melhor resultado, no entanto a diferença não foi nada de extraordinário. Quando comparado aplicação a aplicação, a diferença é de apenas um ou dois segundos para abrir uma aplicação no nova; a maior diferença que experimentámos (5 segundos) foi com o jogo Breakneck, que é bastante “pesado”, mas depois de iniciar consegue correr sem problemas nos dois dispositivos.

No jogo Pokémon Go, quando havia uma grande quantidade de informação a ser processada (estar junto a vários pokéstop, a um ginásio e com vários Pokémon a aparecerem em simultâneo) o Huawei nova sentia, de facto, algumas dificuldades em processar tudo, notando-se alguma lentidão no jogo. No entanto, rapidamente se adaptava à situação e voltava a ser fluido. No geral, os dois aparelhos conseguem suportar este jogo sem grandes problemas.

No dia a dia a performance dos dois dispositivos é impecável. Se nunca estiverem lado a lado nem dá para reparar nas pequenas diferenças a abrir o que quer que seja, nem tão pouco na experiência de utilização.

Multimédia

Câmaras

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O software da câmara é idêntico apesar do Mate 9 oferecer um maior leque de opções

Começando pela câmara fotográfica, existe uma considerável diferença nas especificações. O Huawei Mate 9 está equipado com duas câmaras, uma RGB com 12 megapixéis e uma monocromática de 20 megapixéis, ambas com uma abertura de f/2.2 que (segundo a marca) trabalham em conjunto para um resultado final de melhor qualidade e com maiores contrastes. Do lado do Huawei nova existe apenas uma câmara de 12 megapixéis com uma abertura de f/2.2.

Olhando assim só para os números, parece que o “vencedor” é óbvio, não? Não. Surpreendentemente, o nova conseguiu resultados muito bons e que, no geral, agradaram mais do que as fotografias tiradas pelo Mate. Claro que para todos os casos existe uma exceção: nas fotografias em objetos próximos a vitória vai, sem qualquer dúvida, para o Mate. Os objetos parece que ganham vida e, quando utilizamos a ferramenta dedicada ao desfoque do fundo, não existe comparação possível entre os dois.

10 fotos

Quando a luz é pouca, ambos os aparelhos conseguem lidar bem com a situação. Quando o contraste natural está bem definido, sem dúvida que o Mate 9 consegue melhores resultados, no entanto o nova não lhe fica muito atrás, podendo apenas criar um pouco mais de ruído nas zonas mais escuras.

Um teste realizado e que nos faz duvidar da utilização das duas câmaras em simultâneo no Mate aconteceu quando tapamos a segunda câmara, a monocromática. Aparece um aviso no ecrã a indicar que devemos verificar se ambas as câmaras estão destapadas, mas o resultado final não apresenta diferenças (pelo menos que se tenha notado).

Reprodução multimédia

Os ecrãs têm tamanhos diferentes mas características técnicas iguais. A reprodução de vídeos e a visualização de fotografias é bastante agradável nos dois dispositivos, que contam com ecrãs Full HD com uma resolução de 1920 x 1080, 373ppi no Mate 9 e 1920 x 1080, 443ppi no nova. A maior dimensão de ecrã do Mate 9 é ideal para visualizar vídeos e proporciona uma experiência mais imersiva nos jogos, no entanto, o nova consegue cores mais agradáveis e não deixa de ser excelente para visualizar conteúdos multimédia.

Um ponto a favor do Mate 9 é, sem dúvida alguma, o som – ou por outras palavras, os dois altifalantes que o acompanham. Apesar de emitir num volume mais baixo, o altifalante utilizado para ouvir as chamadas também reproduz os outros sons, proporcionando uma experiência mais agradável e envolvente. Já o nova possuí apenas um altifalante na parte de baixo. Não significa que seja algo mau, apenas não consegue oferecer uma experiência tão agradável e envolvente. Ainda por cima, torna-se fácil tapar o altifalante sem querer e abafar o som por completo.

Design, peso, impressão digital e utilização diária

Quando compramos um smartphone queremos sentir-nos bem com ele, não só pelas características técnicas mas pelo conforto. Com estes dois dispositivos, a escolha pode ser muito influenciada devido a este ponto. Com um tamanho muito maior, o Mate 9 pesa certa de 190 gramas e o nova fica perto das 146 gramas, tornando o modelo mais pequeno muito mais leve, quando comparados lado a lado.

Além deste fator também o tamanho dos dispositivos pode ser um ponto a ter em consideração, uma vez que o modelo maior torna-se difícil de levar dentro do bolso ou mesmo de utilizar em situações de maior correria. É quase impossível de mexer no dispositivo com uma só mão.

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O sensor do Huawei nova funciona bem, mas precisa de algum tempo até desbloquear

O sensor de impressões digitais dos dois aparelhos está localizado no mesmo local, na parte traseira, ao centro. Ambos funcionam perfeitamente e, durante o período de testes, nunca nenhum deles falhou no reconhecimento. No entanto, enquanto que no Mate 9 um pequeno e muito rápido toque é suficiente para o desbloquear, o nova precisa de um segundo até que o ecrã desbloqueie.

Ao utilizar os dois smartphones nas atividades do dia a dia não se sente qualquer diferença em passar de um dispositivo para o outro. Ambos se comportam de maneira semelhante, sendo que a maior diferença é mesmo a nível exterior, devido ao tamanho e ao peso, que acabam por influenciar a maneira como utilizamos cada um.

Afinal, vale a pena investir mais 300 euros?

Depende. Para uma pessoa que utiliza o smartphone maioritariamente para consultar o email e as redes sociais e, uma vez por outra, jogar para passar o tempo, o nova é o ideal, uma vez que é fácil de transportar, pode ser utilizado com uma só mão, tem uma autonomia invejável e ainda lida bem com as situações que precisam de ser registadas através de uma fotografia ou de um vídeo.

Por outro lado, se procura algo mais duradouro (uma vez que o Mate 9 tem mais probabilidades de receber atualizações por mais tempo – porque o hardware é melhor), que consuma muitos conteúdos multimédia, esteja constantemente a utilizar “mil” aplicações ao mesmo tempo, quiser jogar ou fotografar, então o Mate 9 compensa o investimento extra e não deve desiludir nos próximos tempos.

Se vale a pena investir mais 300€? Para o utilizador comum, não. O veredito final é de cinco estrelas para o Huawei nova, por conseguir acompanhar um smartphone de gama alta sem mostrar grandes dificuldades, e de quatro estrelas para o Huawei Mate 9 por não se destacar o suficiente, quando comparado com um dispositivo de gama inferior.

O Observador viajou até Munique, ao evento de lançamento do Mate 9, a convite da Huawei.