Cerca de 24 dos 30 milhões de venezuelanos não ganham o suficiente para cobrir os gastos básicos e quase 2,4 milhões procuram alimentos no lixo, segundo dados de um estudo académico citado por um partido na oposição.

Os dados foram divulgados pelo partido Um Novo Tempo (UNT), com base num estudo do Instituto de Investigações Económicas e Sociais da Universidade Católica Andrés Bello, de Caracas.

“Aquilo que o UNT tem denunciado está agora refletido num estudo (…). Vinte e quatro milhões de pessoas não têm receitas suficientes que lhes permitam cobrir os custos do cabaz básico, ou seja, os gastos necessários para levar uma vida normal, como os gastos em saúde, educação, transporte, habitação entre outros”, lê-se num comunicado do partido, divulgado no sábado à noite.

Segundo o UNT, “o Governo tem demonstrado incapacidade para resolver a aguda crise no país”.

“Apesar de ter emitido três decretos de emergência económica, a situação está cada vez mais aguda, tanto que cerca de 2,4 milhões de pessoas comem do lixo, pela escassez de alimentos e porque os seus rendimentos não cobrem as suas necessidades básicas”, acrescenta.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A secretária do UNT, Gabriela Torrijos, disse ainda, durante a divulgação dos dados do estudo, que quase seis milhões de venezuelanos não conseguem pagar os “alimentos que têm de consumir diariamente”.

“Estas pessoas estão obrigadas a fazer longas filas e a dependerem das ‘bolsas Clap’ [distribuídas pelos Comités Locais de Abastecimento e Produção] que o Governo vende esporadicamente [a preços subsidiados], para poderem subsistir com precariedade [com] alimentos que na sua maioria são hidratos de carbono e gorduras”, afirmou.

Por outro lado, denunciou que a “crise humanitária” na Venezuela tem “ocasionando estados de desnutrição na população, afetando fundamentalmente crianças e pessoas da terceira idade”.

“O mais grave é que a população infantil está a ser muito afetada. Além do alto abandono escolar, estão a gerar-se danos irreversíveis, como malformação cerebral, crescimento deficiente, defesas insuficientes para resistir a doenças e também problemas cognitivos”, disse.

O UNT considera que o ataque ao setor privado na Venezuela “tem-se aprofundado” com o Governo do Nicolás Maduro, “que acabou com a produção nacional”, incluindo a produção de alimentos.