O presidente do PSD acusou o Governo de ter feito “uma encenação” ao anunciar uma solução para os lesados do BES e disse esperar que o primeiro-ministro explique esta quinta-feira no parlamento se a solução envolve riscos para os contribuintes.

Em declarações aos jornalistas à margem do IV Encontro Anual do Conselho da Diáspora, em Cascais, Pedro Passos Coelho lamentou ter de comentar um assunto sobre o qual nada sabe, quando questionado sobre a anunciada solução para os lesados do Banco Espírito Santo (BES).

“É um vício deste Governo. Faz anúncios, faz encenações, depois dá de forma particular, mas sem assumir a paternidade, informações a órgãos de comunicação social. E depois acha que com isso as pessoas ficam informadas sobre o que se vai passar. Mas não é bem assim, o Governo tem de dizer o que a gente não sabe”, disse o ex-primeiro-ministro.

Para o líder da oposição, “o Governo não respondeu à oposição nem respondeu aos jornalistas e portanto fez uma encenação”, o que considerou “lamentável”.

“Dizem-nos apenas que tudo acabará bem, que as pessoas acabarão ressarcidas das perdas que tiveram, que isso não terá reflexo nas contas públicas, nem nos bolsos dos portugueses”, recordou.

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Pedro Passos Coelho lembrou que esta quinta-feira há um debate no parlamento e afirmou: “Espero que o primeiro-ministro explique qual é a solução, que riscos é que ela pode envolver. Eu espero que ela não envolva riscos para os contribuintes, porque, se envolver, então aquilo que se está a prometer é um engano”.

Para o ex-governante, seria “muito negativo” que o custo recaísse sobre os contribuintes, porque “os portugueses não têm nenhuma culpa desse processo e portanto não têm nada que pagar por esses processos”

“Se for assim, então a encenação que foi feita é para dizer o que é simpático a uns – os que perderam – e para ocultar aos portugueses que são eles que vão pagar, o que seria uma coisa intolerável”, disse Passos Coelho, concluindo: “Alguém vai ter de pagar e isso parece-me um mau princípio”.

O Governo apresentou na segunda-feira o mecanismo que permitirá minorar as perdas de cerca de 4000 clientes do BES que compraram papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES), que foi à falência, e cujo reembolso nunca receberam.

Segundo o primeiro-ministro, António Costa, compete agora a cada um dos lesados “avaliar e decidir da sua adesão a esta solução”, que no seu entender consiste num “compromisso equilibrado” que permite reforçar a confiança no sistema financeiro português.

“Não conseguimos o milagre de endireitar a sombra de uma vara torta”, considerou o primeiro-ministro, declarando a sensação de “dever cumprido”.