Francisco Louçã foi um dos fundadores do Bloco de Esquerda, seu primeiro líder e mantém hoje grande influência no partido que apoia o Governo socialista do Parlamento e decidiu escrever ao primeiro-ministro a pedir que o Novo Banco fique nas mãos do Estado. Louçã considera que o banco “deve ser mantido como entidade separada e não incluída na CGD, mas deve integrar a banca pública para uma recapitalização ponderada ao longo do tempo e para uma gestão do crédito que estimule a economia”.

A afirmação consta num artigo de opinião que Francisco Louçã escreveu no Público, com o mesmo jornal a adiantar que o antigo coordenador do BE enviou mesmo uma carta a António Costa com a sua argumentação. No artigo, Louçã defende que “as propostas de [Sérgio] Monteiro para o banco têm sido todas perigosas e estas não o são menos. A solução Monteiro só tem uma virtude clarificadora, a anuência do PSD e CDS“. E elenca as soluções a que se refere, começando pelos potenciais compradores que classifica de “flibusteiros, ou aventureiros provados no mar alto da finança mundial”.

Monteiro, despachado por Passos Coelho para esta função e sempre próximo de Maria Luís Albuquerque, tem cumprido o que dele se esperava, generosamente pago para tanto. Embrulhou as contas do banco, prospetou compradores, ofereceu condições e agora proclama a solução que lhe sobrou”.

A Lone Star, diz Louçã, “nasceu na crise dos anos 1990 e lançou-se com o crash dos tigres asiáticos, comprando propriedade imobiliária e empresas em dificuldades. O seu negócio é a dívida e a destruição de empresas ou a sua venda a curto prazo”. Já o fundo Apollo e o Centerbridge juntam “fundos de pensões ou outros investidores para comprar dívida e conseguirem rentabilidades de curto prazo”. Depois, o bloquistas diz que se comprarem o Novo Banco vão querer “aumentar as taxas de retorno”, com a utilização de garantias do Estado (que o Governo garante que se recusa a dar) ou de créditos fiscais, ou seja, “ameaçarão o banco, atacarão os clientes, arriscarão os depositantes”. Por fim, de acordo com o raciocínio de Louçã, o processo terá custos para o défice (o que o Governo não exclui): “O imediato, a contabilidade das contra-garantias, e o mediato, a perda fiscal ao longo dos anos”.

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Por tudo isto, Louçã defende que a “solução Monteiro tem de ser evitada, tanto mais que há alternativas a este caríssimo ultimato quarta-feirista”, referindo-se às notícias que apontam para exista uma respostas às ofertas para a venda do banco esta quarta-feira. Ainda assim, o bloquista acredita que “o Governo não alinhará nesta aventura”.

“Se bem conheço o Governo e outros decisores nesta matéria, esta chantagem não tem condições para triunfar e impor a entrega do Novo Banco como se não houvesse alternativas consistentes. Até hoje as propostas de Monteiro para o banco têm sido todas perigosas e estas não o são menos”.

O processo de venda do Novo Banco está a ser gerido pelo Banco de Portugal e algumas das propostas que estão em cima da mesa (caso da avançada pela Lone Star) tinha esta quarta-feira como prazo para ter uma indicação do Governo.