Pode haver uma ligação entre doenças cardiovasculares e uma parte do cérebro chamada amígdala, conhecida como a sentinela das emoções. Cientistas da Harvard Medical School descobriram que pessoas com uma atividade excessiva dessa estrutura cerebral podem ter um risco acrescido de ataques cardíacos. A investigação pode dar pistas sobre formas de prevenir estes problemas.

O trabalho científico saiu esta quinta-feira numa publicação médica chamada The Lancet. Não é a primeira vez que o stress e a ansiedade crónica são ligados ao risco de problemas cardíacos, mas a novidade é que estes cientistas podem ter descoberto, em concreto, porque é que isso acontece.

Em termos simples, os cientistas partem da ideia de que a amígdala é responsável por dizer à medula óssea quando ela deve produzir mais leucócitos (glóbulos brancos). Isto para dar ao corpo ferramentas para combater as infeções que podem surgir se a situação que gerou o “medo” causar danos físicos. A resposta inata a uma situação de insegurança é um mecanismo de sobrevivência importante, mas há muito que se percebeu que as mesmas respostas inatas podem ser desencadeadas por problemas emocionais comuns, como stress no trabalho, por exemplo.

Nos dias de hoje, o stress do dia a dia pode colocar a amígdala sob uma pressão constante para “encomendar” a criação de glóbulos brancos, o que pode levar as artérias a desenvolver inflamações e criar problemas de saúde.

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“Os nossos resultados apresentam uma descrição inédita sobre como é que o stress pode levar a doenças cardiovasculares”, afirmou Ahmed Tawakol, o investigador que liderou o estudo, citado pela Reuters. O especialista acrescenta que as conclusões “sugerem que reduzir o stress pode gerar benefícios que vão além das melhorias no bem estar psicológico”. Uma proposta é que os níveis de stress das pessoas sejam estudados, a par de outros fatores de risco como o peso, a dieta, o exercício físicos e os hábitos nocivos como o tabaco.

O excesso de trabalho, a insegurança no emprego e viver na pobreza são circunstâncias que podem resultar num stress crónico, o que por sua vez pode levar a problemas psicológicos crónicos como a depressão”, diz Ilze Bot, um especialista holandês do Leiden Academic Centre for Drug Research, citado pelo The Telegraph.

O estudo partiu do acompanhamento de 293 pacientes ao longo de vários anos, mas todos eles tinham outros problemas de saúde, como cancro, pelo que os cientistas querem alargar este estudo a mais pessoas, incluindo pessoas plenamente saudáveis, para tentar reforçar a validade das conclusões.