O futebol americano – cuja finalíssima se disputa este domingo em Houston – é, muitas vezes, considerado um desporto violento, mas a National Football League (NFL) tem vindo a mudar as regras e a investir em tecnologia de proteção corporal, para limitar os riscos de lesões graves. O futebol americano distingue-se pela dureza das jogadas mas há regras apertadas sobre como se pode atingir alguém e, além disso, é raríssimo haver escaramuças depois de o árbitro apitar para o fim da jogada.
Mas há outros desportos em que a segurança dos participantes está longe ser uma preocupação. Conheça três modalidades relativamente obscuras que são, provavelmente, dos desportos mais violentos do mundo — e não incluímos desportos de luta e artes marciais.
Calcio Storico. Vale tudo – até arrancar orelhas
Quem conhece Florença tende a associar a cidade italiana à arte e à cultura renascentista. Mas é nessa cidade italiana que, uma vez por ano, se joga um desporto com mais de 500 anos de História: o calcio storico fiorentino, traduzível por futebol histórico de Florença. Vale tudo, até arrancar orelhas.
Cada equipa tem 27 jogadores e não há substituições, ou seja, não é raro chegar-se ao final dos 50 minutos de jogo com pouco mais de metade da equipa em campo. O objetivo é chegar com a bola até à linha defensiva do adversário, a caccia, e acertar nessa longa baliza — se atirar a bola e falhar, a defesa ganha meio ponto. A forma mais eficaz de ganhar é imobilizar os adversários no chão ou lesioná-los para que não voltem, ganhando vantagem numérica.
É como uma mistura de futebol, raguebi, artes marciais mistas e luta greco-romana. Vale tudo: pontapés, socos, cabeçadas, joelhadas e cotoveladas. A única coisa que não é bem vista é dar pontapés na cabeça de um jogador que esteja no chão.
Este jogo com grande carga histórica é disputado numa praça central da cidade, perto da Basílica de Santa Croce. As equipas envolvidas são os quatro bairros da cidade. Ninguém recebe dinheiro por participar — o vencedor ganha apenas um banquete no final do jogo, a desfrutar por aqueles que chegarem ao final do dia com a mandíbula no sítio e que puderem mastigar.
Bo Taoshi. O ninja é o último a cair
Outra modalidade fértil em lesões graves joga-se no Japão e chama-se Bo Taoshi, o que significa deitar abaixo o poste. É um desporto especialmente popular nas escolas e universidades nipónicas, bem como nas forças armadas japonesas. Há dois postes em jogo e cada equipa tem 150 jogadores: 75 a atacar o poste adversário e 75 a defender o seu próprio poste. É a loucura.
Quando os árbitros dão o tiro de partida (não servem para muito mais, na verdade), os dois postes estão perpendiculares em relação ao chão. O objetivo da ofensiva é derrubar o poste adversário até que este fique com uma inclinação de 35º (até 1973 bastava chegar aos 45º).
Não há grandes limites ao que se pode fazer para tentar derrubar o poste, incluindo espezinhar adversários e pular por cima de colegas e voar em direção ao ninja, o defesa que está no topo do poste a balançar o corpo de um lado para o outro, tentando ajudar ao equilíbrio do poste. Normalmente, uma vez que se consiga deitar a mão ao ninja, a defesa não aguenta muito mais.
Vence quem conseguir derrubar o poste adversário primeiro.
https://www.youtube.com/watch?v=Ds0w9adW0Qs
Aussie Football. Achava que o râguebi era um desporto perigoso?
Acha que o futebol americano é violento? Ou mesmo o râguebi? Procure assistir a uma partida de futebol australiano (aussie football) e verá o que é um desporto com bola realmente violento.
Não há proteções e os embates são violentos entre os 18 jogadores de cada equipa, que têm de progredir com a bola correndo com ela, jogando-a com a mão ou pontapeando-a. Não são muitas as regras que existem para limitar o contacto entre os jogadores, que se degladiam num campo oval com uma baliza de postes em cada lado.
A bola também é oval, parecida com uma bola de râguebi. Uma das imagens mais típicas deste desporto é o chamado marking, isto é, quando um jogador salta (voa?) para apanhar uma bola que tenha sido pontapeada para o ar — sem deixar a bola cair ao chão.
A velocidade e a agressividade com que esta modalidade é disputada fazem com que as lesões graves são muito, muito frequentes — e impressionantes (link só para pessoas pouco impressionáveis). Mais do que explicações em texto, nada como ver imagens de alguns dos maiores choques físicos do Aussie Football.