O ex-dirigente do CDS Lobo Xavier reiterou que houve uma “troca abundante de mensagens” relacionadas com as condições de António Domingues para aceitar liderar a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e que há até mais documentos para lá daqueles que os jornais têm apresentado.
“Acho que vai ser muito difícil. Se os documentos que os jornais transmitem e outros que eu sei que existem vierem a ser do conhecimento do público, vai-se perceber que há uma troca abundante de mensagens, de textos, de papéis, sobre a evolução das conversas, das negociações, do que é preciso fazer, de diligências, de como é que se muda a lei, se será suficiente, se não será, e o Tribunal Constitucional e o primeiro-ministro, etc. E eu não sei qual a necessidade de se sujeitar a uma situação destas quando o assunto já devia estar arrumado”, referiu o comentador, esta quinta-feira à noite, no programa “Quadratura do Círculo”, da SIC Notícias.
Lobo Xavier, que já em novembro tinha dado conta que os compromissos assumidos pelo Governo junto dos gestores da Caixa Geral de Depósitos, designadamente no que diz que respeito à não entrega das declarações de rendimento, eram do conhecimento de todos e estão inclusive escritos, voltou a afirmar que esses documentos existem.
“Os documentos que vêm reproduzidos nos jornais mostram que houve troca de correspondência sobre as condições de exercício do cargo”, continuou o gestor, referindo que a declaração do Ministério das Finanças que aponta para a “inexistência” de documentos, se baseia “num entendimento literal”. “O Ministério entende que não houve troca”, mas “obviamente que há uma correspondência a montante sobre isso, eu próprio já falei, e os jornais não trazem tudo”.
Entretanto, lembrou Lobo Xavier, “o CDS fez novo requerimento sendo mais específico, pedindo não só correspondência eletrónica mas também SMS”.
Para Lobo Xavier, esta história “vai acabar mal”. “Já não há ninguém em Portugal que não perceba o que aconteceu.” E o que aconteceu, descreve o gestor, foi que “os técnicos de ambos os lados foram discutindo sobre se bastaria ou não alterar o Estatuto do Gestor Público e optaram por essa via porque essa alteração era da competência do Governo. E foram discutindo e trocando mensagens sobre essa situação. Não foi possível, correu mal”.
Sobre esta polémica, o porta-voz do CDS-PP, João Almeida, acusou, esta quinta-feira, o ministro Mário Centeno de ter mentido quando disse ao Parlamento que “inexistia” troca de correspondência relacionada com as condições de António Domingues para aceitar lidera a Caixa Geral de Depósitos (CGD). Durante a noite, o Ministério das Finanças reagiu a estas declarações, acusando o CDS de “truncar” os factos para “produzir uma vil tentativa de assassinato do caráter do Ministro das Finanças”.