A 9 de julho de 2006, após a conquista de mais uma Serie A italiana, Gianluigi Buffon nem teve de brilhar no desempate por grandes penalidades da final do Campeonato do Mundo, em Berlim: Trezeguet teve demasiada pontaria, levou a bola a embater na trave e os transalpinos tiveram apenas de concretizar os seus pontapés para vencerem a França. No entanto, logo a seguir ao momento mais alto da carreira, o guarda-redes iria enfrentar o ponto mais negativo – disputar a segunda divisão. Mais de uma década depois, fiel à sua Juventus, procura dar mais um passo para um dos poucos títulos que lhe falta: a Liga dos Campeões.

O verão de 2006 foi quente em Itália. Escaldante, mesmo. A explosão do processo de manipulação de resultados de vários clubes da Serie A abalou o futebol europeu e, no caso da Juventus, nem os sucessivos apelos conseguiram congelar uma sanção histórica – retirada de dois campeonatos (2005, que ficou sem dono, e 2006, entregue ao Inter) e descida à Serie B com uma penalização de nove pontos (que começaram por ser 30). Foi a debandada geral de estrelas como Cannavaro, Ibrahimovic, Patrick Vieira, Zambrotta ou Thuram. Buffon foi dos poucos que ficou. Tal como Chiellini. E Marchisio, que subiu nesse ano dos juniores. Hoje, dez anos depois, o trio continua a funcionar como base de uma máquina em ascensão.

Didier Deschamps garantiu a subida ao escalão principal do futebol italiano mas, no dia seguinte a assegurar o título de campeão da Serie B, demitiu-se em conflito com o diretor Alessio Secco. Nos dois anos seguintes, Claudio Ranieri – entretanto substituído por Ciro Ferrara – levou a Vecchia Signora de volta à Liga dos Campeões até há duas épocas, onde o crescimento ficou perdido entre a má escolha de técnicos (Zaccheroni ou Luigi Del Neri). Em 2011, o ex-jogador Antonio Conte assumiu o comando. E a Juventus voltou a dominar.

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A entrada de Andrea Agnelli para a presidência dos bianconeri e a aposta no atual técnico do Chelsea, num período marcado também pelo nascimento do novo estádio (um dos três da Serie A que é mesmo propriedade do clube), devolveu a predominância da Juve em solo italiano, algo que nem a troca de Conte por Massimiliano Allegri no banco alterou. Mais: em caso de vitória na Série A desta temporada, a Vecchia Signora passará a ser o único conjunto com seis títulos consecutivos, superando a marca do Inter já este século. Só falta conquistar a Europa.

O investimento para atingir esse objetivo foi (mais uma vez) grande: aproveitando os 135 milhões de euros ganhos só com as vendas de Pogba e Morata, a Juventus gastou 145 milhões de euros só em três jogadores do meio-campo para a frente – Higuain (ex-Nápoles, 90), Pjanic (ex-Roma, 32) e Pjaca (ex-Dínamo Zagreb, 23). Isto depois de ter gasto valores astronómicos para assegurar nomes como Dybala (ex-Palermo, 32 milhões), Alex Sandro (ex-FC Porto, 26) ou Mandzukic (ex-Atl. Madrid, 19). E com resultados à vista.

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Apenas cinco guarda-redes conseguiram superar a marca dos 100 jogos na Liga dos Campeões e dois estarão esta quarta-feira em confronto: Casillas (162) e Buffon (101). Os outros são Petr Cech (111), Victór Valdés (106) e Oliver Kahn (103)

Depois do primeiro lugar no grupo H da Champions, com 14 em 18 pontos possíveis (e um rendimento melhor como forasteiro do que como visitado), a Juventus espera agora superar o FC Porto nos oitavos-de-final da prova para repetir a presença entre os oito melhores da Europa de 2013. A seguir, a meta é outra – chegar à final da competição, como em 2015. Tudo num percurso onde estiveram sempre presentes os trintões Buffon, Chiellini e Marchisio (o último esteve apenas um ano emprestado ao Empoli, regressando no verão de 2008).

A aposta do trio em permanecer na versão Juventus Serie B de 2006/07 foi tomada com o coração, mas ganhou racionalidade nestes últimos dez anos, onde ganharam um total dez troféus: cinco campeonatos (2012, 2013, 2014, 2015 e 2016), duas taças (2015 e 2016) e três supertaças (2012, 2013 e 2015). Com Itália conquistada, os olhos estão centrados na Europa.