O abandono lento da cidade romana de Conímbriga, em Condeixa-a-Nova, é objeto de uma exposição temporária que vai ser inaugurada no sábado.
Intitulada “Conímbriga: o fim da cidade romana”, a exposição abre ao público, às 16h, e visa explicar as razões “por que Conímbriga se encontra ainda hoje tão bem conservada”, o que radica no processo de abandono ao longo da Idade Média.
Essa é uma característica singular que distingue esta cidade de outras suas contemporâneas, cujos restos se encontram sob as ruas e as casas das cidades que hoje habitamos”, segundo o diretor do Museu Monográfico de Conímbriga.
Nos últimos 20 anos, os investigadores da instituição, dirigida por Virgílio Hipólito Correia, debruçaram-se sobre “o período de abandono muito lento da cidade”, que se consumou entre os séculos X e XI.
“Vamos mostrar ao público aspetos que estiveram até aqui negligenciados“, com datações provadas através do método do carbono 14, disse esta quarta-feira à agência Lusa o diretor do Museu de Conímbriga.
Os visitantes terão oportunidade de compreender “a transição de uma cidade romana para campos de cultivo”, enfatizou Virgílio Correia.
Entre os materiais expostos, encontram-se textos, cerâmicas, marcos de propriedade da Almedina de Condeixa-a-Velha (‘al-madina’, cidade em árabe), com vestígios gravados da Ordem de Cristo, dos séculos XIV e XV.
“Desde o século IX, deixou de se falar de Conímbriga”, disse Virgílio Correia, realçando que a exposição inclui um livro do século XVI “que identifica a Almedina de Condeixa com a antiga cidade romana”, numa época em que a vizinha Aeminium dos romanos, junto ao rio Mondego, já era conhecida por Coimbra, tendo crescido a sua importância na ordem inversa do paulatino abandono de Conímbriga antiga.
Por necessidade de conservação, os esqueletos humanos encontrados nas necrópoles da estação arqueológica, no concelho de Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, deixaram de estar expostos aos visitantes.
Mas esses esqueletos poderão ser vistos agora em fotografias”, acrescentou o arqueólogo.
Com a exposição, o Museu Monográfico “pretende mostrar alguns aspetos da arqueologia do período em que a cidade vai progressivamente decaindo devido à deterioração das suas características urbanas e da qualidade de vida dos seus habitantes”.
Os arqueólogos do Instituto de Coimbra começaram a escavar a Almedina de Condeixa-a-Velha, nos arredores da sede do concelho de Condeixa-a-Nova, em finais do século XIX.