A administração do grupo espanhol El Corte Inglés vai ser investigada em Espanha por suspeitas da prática de crimes de apropriação indevida, corrupção entre particulares, falsificação de documentos, violações ao direito de informação e branqueamento de capitais. O processo partiu de uma queixa apresentada pela Corporación Ceslar, uma das empresas com participações no grupo.
A queixa tinha sido apresentada contra o presidente do El Corte Inglés, Dimas Gimeno, e outros seis elementos com responsabilidades no grupo, além de outras duas sociedades ligadas à empresa. Em causa estarão 19,5 milhões de euros pagos pelo grupo às duas sociedades — Noganoir Capital e Tereze Capital –, em negócios que terão contado com a participação dos restantes suspeitos, conselheiros da empresa: Antonio Hernández-Gil, Manuel Pizarro, Carlos Anselmo Martínez Echevarría, Shahzad Shahbaz e Florentino Lasaga. O assessor David Barreiro também faz parte do rol de suspeitos.
Oficialmente, explica o El Confidencial, as duas sociedades teriam prestado apoio ao El Corte Inglés numa operação com vista a um empréstimo de mil milhões de euros concedido pelo sheik Hamad bin Jassim bin Jaber al Thani através da sociedade Primefin.
Para o autor da queixa, os supostos serviços de assessoria que justificariam o pagamento nunca foram prestados. “Nem existe esse trabalho de assessoria nem existe contrato da assessoria prestada pelos conselheiros“, refere a queixa apresentada pela Corporación Ceslar, representada por Carlota Areces, antigo elemento do conselho de administração que foi afastada em agosto de 2015.
Os 19,5 milhões de euros “escondem o pagamento de comissões a favor de terceiros cuja identidade se desconhece e que pode implicar altas figuras do Estado” espanhol”, refere a queixa. “Sem dúvida, encontramo-nos perante pagamentos encobertos, através de sociedades opacas, em claro prejuízo da sociedade”.
No despacho em que se valida a investigação, o juiz critica a decisão tomada anteriormente pela mesma comarca, por ter recusado, em apenas uma semana, avançar com uma investigação judicial às suspeitas apresentadas pela Corporación Ceslar.