— Peyroteo Vasques Martins Yazalde Jardel Dost?
— Presente, professora!
Não, nenhuma criança deve chamar-se assim — nem o Instituto dos Registos e Notariado o permite –, mas o mais fervoroso dos sportinguista até poderia, depois do Sporting-Nacional deste sábado, pensar em dar ao filho os apelidos de todos os goleadores do clube que à vigésima terceira jornada tinham mais golos do que jogos. O último deles é Dost, Bas Dost, o holandês que nesta tarde-noite em Alvalade bisou e, assim, chegou aos vinte e quatro golos. No total de todas as competições até são mais golos — vinte e sete em trinta e cinco jogos –, sendo agora o líder na corrida à Bota de Ouro, à frente de Lionel Messi e Pierre-Emerick Aubameyang. Não é para qualquer um.
Coloquemos pois uma moedinha na máquina do tempo e recuemos até à temporada 1948/49. Então, Fernando Baptista de Seixas de Vasconcelos Peyroteo, o Peyroteo dos “Cinco Violinos”, o mais atacante dos cinco, era o primeiro que de verde-e-branco conseguia a façanha de ter uma média superior a um golo por jogo ao fim de vinte e três jogos. Na derradeira época pelo clube de Alvalade, Peyroteo, máximo goleador da história do Sporting, somava impressionantes trinta e nove golos. Na derradeira jornada, a vigésima quarta — sim, o campeonato era mais “curtinho” do que hoje é –, não apontaria um só golo contra o Covilhã.
Outro “Violino”, Manuel Vasques, e numa altura em que continuava a ter Albano, Jesus Correia e Travassos a seu lado, conseguiu em 1950/51 precisamente vinte e três golos em outros tantos jogos.
Em 1952/53 Albano (tal como Peyroteo, claro) não morava mais em Alvalade, mantendo-se Vasques, Jesus Correia e Travassos no plantel. Mas o goleador-mor até foi outro: João Martins. Tinha vinte e cinco golos em vinte e três jogos, tento conseguido um hat-trick à vigésima terceira jornada contra o V. Guimarães. Na época seguinte Martins voltaria a ter um média impressionante de golos. E conseguiu até melhora-la: vinte e sete golos em vinte e três jogos, com destaque para o jogo da vigésima segunda jornada, quando fez uma “manita” (leia-se: cinco golos) em Alvalade contra o Atlético.
Mas se é de goleadores em Alvalade que se fala, fale-se pois de um dos melhores de sempre: o argentino Héctor Casimiro Yazalde. Nas derradeiras temporadas (chegou em 1971) ao serviço do Sporting antes de se transferir para o Marselha, Yazalde somou golos atrás de golos. Nos primeiros vinte e três jogos para o campeonato de 1973/74, trinta e nove golos. Ufffff! Pobre Montijo, que em novembro de 1973 foi a Alvalade levar oito sem resposta, seis deles do ponta-de-lança argentino. Na temporada seguinte, 1974/74, vinte e cinco golos.
Só falta falar de Mário Jardel e do último campeonato ganho pelo Sporting. Em 2001/2002, “Super Mário” chegou aos vinte e oito golos em vinte e três jogos. E nem foi utilizado na vigésima terceira jornada. Tal como Yazalde, Jardel venceria a Bota de Ouro de leão ao peito. Dost para lá se encaminha.