Já lhe chamam o ‘doping tecnológico’ do atletismo mas calma, não tem nada a ver com substâncias ilícitas. Falamos simplesmente de ténis. Sim, de ténis, nomeadamente os novos da marca Nike que os atletas usam para correr, ainda no âmbito do novo projeto que tem por objetivo quebrar o recorde mundial da maratona, com o tempo de apenas duas horas. E são notícia porque possuem uma nova tecnologia nas solas que permite que os atletas sintam menos desgaste durante a corrida e, por isso, sejam mais eficazes nas provas. No entanto, a fronteira entre ‘fórmula mágica’ ou ‘doping tecnológico’ está cada vez mais ténue e a Federação Internacional de Atletismo está atenta à situação.

Vamos então contextualizar este milagre de 200 gramas que promete continuar a dar que falar nas próximas semanas. Depois de um primeiro projeto para tentar colocar o recorde da maratona nas duas horas desenhado pelo antigo campeão etíope Haile Gebrselassie e o investigador Yannis Pitsiladis, foi a Nike a desenvolver essa ideia com três atletas em específico: Eliud Kipchoge, Lelisa Desisa e Zersenay Tadese.

No entanto, parte dessa ideia, neste caso os ténis, tem tanto de inovadora como de controversa.

Vamos por partes: no que consistem estas novas sapatilhas da gigante? A “magia” está nas solas que, com as novas características, permitem reduzir em 4% o gasto energético de um atleta aquando das provas. Segundo o jornal El País, em termos de constituição, as Vaporfly Elite pesam apenas 200 gramas, promovem uma ligeira inclinação do pé para a frente e a sola é ainda dotada de uma placa de fibra de carbono muito fina e resistente, incorporada na borracha da sola. Para o público em geral ainda não estão disponíveis mas o preço já se sabe: rondará os 250 dólares (cerca de 233 euros). Mas o grande objetivo é mesmo estabelecer um novo recorde da maratona.

No entanto, se estas novas sapatilhas prometem revolucionar o mundo do atletismo, a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) parece não estar a gostar muito de todas estas revoluções. O órgão que regula a modalidades já anunciou que vai analisar estes novos modelos para garantir que o risco de ‘doping tecnológico’ não se concretiza, assim como irá rever o artigo que controla a “vantagem injusta”.

O ‘doping tecnológico’ não é uma novidade no desporto mas foi inicialmente levantado no ciclismo, quando o belga Femke Van den Driesshe foi acusado de ter um pequeno motor oculto na sua bicicleta.

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