Depois de, ele próprio, ter avançado, no início de Março, com a possibilidade de uma fusão entre a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e o Grupo Volkswagen, só para recusá-la alguns dias depois, após um encontro com Donald Trump, eis que Sergio Marchionne, homem-forte da FCA, volta à carga sobre o tema. Desta feita e de forma algo inesperada, para voltar a admitir tal cenário, afirmando mesmo aguardar com expectativa um possível encontro com o CEO da companhia alemã, Matthias Müller, para debaterem, em conjunto, uma possível fusão entre os dois grupos automóveis.
A notícia é avançada pela Automotive News Europe, com base em informações divulgadas pela agência Reuters, que cita declarações recentes de Marchionne, nas quais o CEO da FCA disse “aguardar com expectativa” um encontro com o seu homólogo da Volkswagen. Isto, depois de Matthias Müller ter dito não descartar a possibilidade de conversações entre os dois grupos.
“Existem quatro a cinco construtores automóveis de nível global, pelo que, se alguma coisa tiver de ser feita, com certeza, será”, afirmou, na sequência de um encontro com jornalistas, ainda em Genebra, o patrão da FCA. Salientando que, “não falei com Müller nos últimos seis, sete meses, mas certamente irei falar, assim que tiver a primeira oportunidade”.
Recorde-se que Marchionne é um dos líderes da indústria automóvel que há muito defende fusões entre fabricantes, como forma de partilhar custos, nomeadamente no desenvolvimento de veículos mais limpos e tecnologicamente avançados. Desejo que, aliás, não se tem cansado de repetir através dos media.
Sobre o “namoro” entre FCA e o Grupo Volkswagen, tudo começou no início de Março, com Marchionne a avançar, pela primeira vez, essa possibilidade. Embora para, apenas alguns dias depois, mais concretamente a 15 de março, descartá-la por completo, afirmando mesmo ter “zero interesse” numa fusão com o grupo alemão. “Eu apenas disse que, a partir do momento em que és o fabricante automóvel n.º 1 na Europa e alguém chega a acordo com o outro fabricante para ser o n.º 2, então, a tua primeira reacção será sempre no sentido de procurares voltar a distanciar-te deles”, comentou, então, Marchionne. Acrescentando que, “caso alguém pretenda tomar uma medida do género”, a FCA será sempre “o parceiro natural” para esse tipo de acção. “Aliás, se estivéssemos a jogar uma partida de xadrez, essa seria a jogada natural.”
Afirmando-se disponível para ouvir qualquer proposta vinda de Wolfsburgo, o CEO da FCA, garante, no entanto, que não pensa andar atrás de Matthias Müller: “Não andei a correr atrás dele, nem penso fazê-lo. Contudo, se eu estiver certo quanto à necessidade de consolidação e multiplicação da produção, então, acredito que somos o parceiro natural a quem ele primeiro deverá dirigir-se”.
Mas se Marchionne tem variado as posições tomadas, o CEO da Volkswagen também não tem tido propriamente uma posição definida, desde o despoletar do tema. Começou por garantir, a 14 de março, que não existia “qualquer contacto” entre ele e Marchionne nesse sentido, para posteriormente dizer a jornalistas alemães que não estava a “descartar qualquer conversação”. Embora, mandando um recado: “Seria muito bom se o Sr. Marchionne me informasse directamente das suas considerações, e não apenas a vocês.” Ainda assim, sublinhando que continua “muito confiante no futuro da Volkswagen, com ou sem Marchionne”.