Rui Maia é um músico e compositor com várias camadas. Vai do indie rock à eletrónica e o lugar de teclista dos X-Wife é apenas uma das faces do artista. Até porque a solo a máscara é outra.
Foi com a assinatura Mirror People que Rui Maia se lançou mais a fundo na música de dança. A queda (no bom sentido) continua com o segundo álbum, editado esta sexta-feira. Bring The Light segue a linha dance/disco de Voyager (2015) mas tem mais arestas, é pontiagudo e duro.
Não vai tão longe como em Fractured Music (2016), disco em nome próprio (lá está, mais uma camada) onde entra mais a fundo na eletrónica de dança. Feito o balanço, Bring The Light está algures entre a pop do álbum de estreia e esse trabalho a solo. Tem nas miudezas da produção e na batida algo que se descobre com gosto, mas exige tempo e atenção aos detalhes.
Talvez o hábito de ouvir música assim já se tenha perdido. É o próprio Rui Maia que o sugere, por outras palavras: o novo álbum tem “uma sonoridade mais sintética e forte que remete para o lado mais alternativo dos anos 80, sem perder o sentido pop das canções”.
Por isso escolheu os sintetizadores desse tempo (não usou a bateria acústica, por exemplo) e convidou Jonny Abbey para escrever as letras e para fazer a mistura sonora, à procura da proximidade que se perdeu no mundo cada vez mais virtual.
https://www.youtube.com/watch?v=iNs3m51v2oA
Bring The Light continua a ser pop para dançar, mas é mais difícil que Voyager. O single “In Your Eyes” é o mais polido, tudo o resto pede pista de dança, copos e suor. Exceção feita para o arranque, uma introdução que inclui natureza e passarinhos. Bring The Light é um disco para a noite que começa pelo fim, pela serenidade do amanhecer. Venha mais luz.