O Podemos vai avançar com uma moção de censura ao Governo de Mariano Rajoy. A decisão do partido liderado por Pablo Iglesias surge num momento em que o Partido Popular está novamente a braços com a justiça por suspeitas de corrupção. Resta saber se a iniciativa do Podemos terá o apoio do PSOE — de outra forma, a moção de censura não terá força suficiente para derrubar o Executivo de Rajoy.
A decisão foi anunciada esta quinta-feira por Pablo Iglesias, que a justificou como sendo o passo necessário e urgente para travar a “tentativa de sequestro de instituições pelo PP”. “A necessidade de derrubar o PP é uma demanda social”, acrescentou o líder do Podemos, citado pelo El Espanõl, confirmando que o partido está em conversações com o PSOE e com outras forças políticas.
No entanto, e como explica o El País, os socialistas espanhóis atravessam um momento muito sensível de disputa interna — nestas condições, dificilmente firmarão um acordo para derrubar o Governo de Rajoy.
O mesmo El País lembra que, no passado, já foram apresentadas duas moções de censura aos Governos de Adolfo Suárez e Felipe González — ambas fracassaram.
A 19 de abril, as autoridades espanholas detiveram Ignacio González, antigo presidente do governo regional de Madrid (PP), por suspeitas de envolvimento numa rede de crime organizado, responsável por desvio de fundos públicos, prevaricação, corrupção e fraude e branqueamento de capitais.
Ignacio González está a ser investigado depois de ter autorizado, enquanto presidente do governo regional de Madrid, adjudicações de contratos públicos alegadamente fraudulentas, pelas quais exigia comissões ilegais. O madrileno teria depois um esquema de lavagem de dinheiro, através de operações e investimentos muito complexos onde participariam muitos dos seus familiares.
Existem ainda suspeitas de cobrança de luvas em troca da atribuição de contratos para obras públicas — dinheiro esse que serviria também para financiar o próprio PP madrileno. Ignacio Gonzáez, enquanto secretário-geral do PP de Madrid, terá usado essas luvas para financiar a atividade do partido, num esquema que envolvia várias pessoas afetas ao partido e empresários da construção civil. Segundo o El País, durante esta quarta-feira são esperadas ainda dezenas de detenções no âmbito da mesma operação.
Ex-presidente do governo regional de Madrid detido por suspeitas de corrupção e fraude