Chama-se FMK, porque é inspirada no famoso jogo “Fuck, Marry, Kill” (“Beijar, Casar, Matar”, em português). O desafio parece simples: entre três pessoas, tem de escolher quem prefere para beijar, casar ou “matar”, com o deslize de apenas um dedo.

A app, que é portuguesa, nasceu no estúdio de startups Build Up Labs em outubro, mas já conta com 60 mil utilizadores em todo o mundo. E apesar de ter começado por ser uma brincadeira, assim que foi lançada teve tanta procura que o servidor foi abaixo. “As pessoas adoraram”, afirmou Sophie Le Roy, 27 anos, product and growth manager da empresa, ao Observador.

Mas se acha que é na FMK que vai encontrar um bilhete para o amor, é melhor pensar duas vezes. Os criadores rejeitam a ideia de que seja só uma app de relacionamentos, até porque esse nem foi o propósito inicial, explicou Sophie Le Roy. A ideia é que os utilizadores se possam divertir com os amigos, com o namorado/a, num jogo à prova de todos os egos.

Acho que não é a melhor opção se estiveres à procura de um relacionamento. Há melhores opções por aí e nós dizemos isso abertamente aos nossos utilizadores. É gamificar o processo de namorar. Tu não estas lá só para encontrar alguém, mas para te divertires no processo”, explica.

Como funciona? Para jogar ao FMK no seu smartphone (e, quem sabe, encontrar o amor pelo caminho, ninguém disse que era proibido) tem de responder a um desafio: das três pessoas que lhe aparecem no ecrã, qual escolheria para fuck (ter um relacionamento de apenas uma noite), marry (apresentar aos pais) ou kill (a pessoa com quem nunca se relacionaria nem que fosse a última à face da terra)?

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É um dilema (ou não) a cada jogada, que tem de ser desfeito para se passar à próxima ronda. Se houver um match (quando ambos os utilizadores mostram interesse um no outro), o utilizador é notificado e pode abrir uma janela de conversação para começar a conversar com o outro utilizador. Tal como na app rival, o Tinder.

60 mil utilizadores da Nova Zelândia à América Latina

A ideia surgiu há um ano, quando um dos membros da equipa teve a ideia, mas não avançou por falta de tempo. Ficou de lado até que chegou uma equipa de estagiários que começou a bater código e “entusiasmou” todos os que começaram a jogar no The Hood – o espaço que partilham com a agência de marketing comOn.

No início de outubro do ano passado, estava lançado o primeiro MVP (minimum viable product – produto com funcionalidades suficientes para ser testado pelos primeiros utilizadores). Em menos de um mês, conseguiram 7 mil utilizadores, só em Portugal.

Depois de alguns jornais do Reino Unido terem publicado artigos sobre a aplicação, o FMK, começou a ter utilizadores “de todos os cantos do mundo”: da Nova Zelândia, Austrália, à Europa e América Latina. Mais de 100 mil pessoas já descarregaram a aplicação (mais de 60 mil estão registadas), que é gratuita e está disponível para Android e iOS. A maioria está em Portugal, Suíça e Alemanha, mas há também muitos utilizadores nos Estados Unidos, Reino Unido, França e Israel.

O login é feito através do Facebook para certificar que o utilizador tem uma identidade real e para facilitar o processo de registo. O utilizador pode ainda refinar a procura ao definir a idade, género ou localização das pessoas que potencialmente lhe podem interessar. A maioria dos utilizadores tem entre os 20 e os 30 anos, principalmente do sexo masculino.

É um produto para millennials, mas vemos utilizadores mais velhos a gostarem do jogo. A maioria é solteiro, algumas pessoas estão num relacionamento e jogam para ver quantos votos conseguem ter”, explica Sophie.

No perfil de cada utilizador há um ranking que mostra a quantidade de votos que tem em cada categoria, para perceber se as pessoas o veêm mais como potencial marido/esposa, só para um relacionamento casual ou então se não desperta assim tanto interesse para uma relação.

Desafio: atrair mulheres

Tal como noutras aplicações de relacionamentos (como o Tinder ou a Happn), atrair mais mulheres é um desafio, já que os homens mostram mais interesse no produto.

Acho que as raparigas usam apps de relacionamento para um “ego boost” (aumentar o ego), não é para começarem uma relação séria. Mas gostam do facto de conseguirem a aprovação social que procuram”, considera Sophie.

Gerir um crescimento tão rápido tem sido o principal desafio da equipa da FMK, admite. “Quando tens tantos utilizadores, não queres entregar uma má experiência. Queres que eles fiquem lá, que continuem a usar a app“, explica. O FMK está a ser desenvolvido no Build Up Labs, um estúdio de startups português, lançado em 2014, pelos fundadores da agência de marketing comOn.

É um startup studio, com uma equipa de 10 pessoas, onde damos vida às nossas próprias ideias, experimentamos os produtos no mercado e aqueles que ganharem tração nós fazemos spin-off (criação de uma nova empresa através de outra estrutura já existente). É isso que estamos a preparar para dois dos produtos, para serem startups autónomas e conquistarem o mundo”, refere Rui Gouveia, líder do Build Up Labs.

A equipa do FMK ainda não tem empresa constituída e está a trabalhar na definição do modelo de negócio. No futuro, explica Sophie, os clientes poderão pagar por funcionalidades premium, a começar pelos mercados onde têm mais utilizadores. Está também à procura investimento pre-seed (ronda de investimento inicial) para validar o produto. Em junho, o FMK vai participar no Lisbon Investment Summit, evento organizado pela Beta-i para promover o investimento em startups portuguesas e europeias, e começar ainda uma campanha na plataforma de financiamento coletivo Seedrs, no início de julho.