Pode ter sido do dia de semana, domingo ou quarta-feira não é a mesma coisa. Pode ter sido do horário, 6h ou 12h não é a mesma coisa. Até pode ter sido do próprio equipamento, que desta vez foi o alternativo para o qual olhamos e só nos conseguimos lembrar da caminhada da Seleção principal em França no ano passado. Uma coisa é certa: algo estava diferente. E esta equipa Sub-20 nacional que defrontou a Costa Rica no Mundial não parecia a mesma. Mas, no final, acabou por ser quase a mesma coisa: Portugal caiu a pique da primeira para a segunda parte, voltou a não conseguir ganhar e complicou as contas do apuramento para os oitavos-de-final da prova.

Ainda assim, começou melhor. Porque mexeu, e bem, no meio-campo. Florentino Luís e Gedson Fernandes tinham andado perdidos contra a Zâmbia entre as compensações defensivas e os apoios atacantes, agora jogaram Pedro Rodrigues e Miguel Luís. Porque mexeu, e bem, na frente. José Gomes e André Ribeiro não fizeram uma exibição negativa diante dos africanos, mas Xande Silva e Hélder Ferreira conseguiam emprestar outra velocidade e imprevisibilidade nas transições ofensivas. Porque parecia ter outra intensidade, agressividade e vontade de decidir o encontro.

Domínio à parte, foi preciso esperar quase 20 minutos para ver a primeira grande oportunidade: Hélder Ferreira quase conseguiu aproveitar um momento de alta atrapalhação na defesa costa-riquenha para dar o toque fatal e, no seguimento, Xande Silva obrigou Erick Pineda a uma grande defesa por instinto, no chão. Seguiu-se mais uma bola isolada de Xande, travada pelo guarda-redes. E um remate de Diogo Gonçalves, a rasar o poste.

E golos, que é bom? Lá acabou por chegar, aos 32’, mas de grande penalidade (sem recurso ao vídeo-árbitro, o que foi pena para percebermos melhor como vai funcionar o futebol no futuro, mas adiante). Pineda ainda tocou na bola, mas Diogo Gonçalves lá conseguiu finalmente acertar com a baliza depois de tantas tentativas com a Zâmbia e a Costa Rica. Até ao intervalo, nota para mais dois remates de meia-distância, de Xadas e Diogo Dalot, mas com a sorte dos primeiros: um passou pouco ao lado do poste, outro foi defendido por Pineda.

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E veio o intervalo. Não foi do dia da semana, do horário, do equipamento ou das alterações, mas tudo mudou para pior. Um penálti sem necessidade de Miguel Luís, convertido com uma certa dose de sorte por Jimmy Marín, deixou Portugal a fazer contas à vida e ao jogo. A exibição caiu a pique, tal como as ambições nacionais no jogo.

Olhamos para o bloco e o único nome que se repete é o de Abdulrahman Al Jassim, o árbitro do Qatar nomeado para o encontro. Não foi por ele que Portugal empatou, mas foi por ele que quase todos andavam de nervos em franja: conversa para aqui, conversa para ali, cartões para um lado, faltas por marcar para outro, mais umas conversas e lá veio a expulsão por duplo amarelo de Rúben Dias, aos 72 minutos. Foi justa? Se o critério tivesse sido sempre igual, aceitava-se; assim, não se entendeu. Mas entre tantas decisões mal tomadas, esta foi só mais uma.

O empate 1-1 foi mau, face à diferença de qualidade entre as equipas, mas menos mau, por ter acabado o encontro reduzido a dez. Ainda assim, obriga os comandados de Emílio Peixe a vencerem o Irão, que soma três pontos no grupo C, para não depender de terceiros no apuramento para os oitavos-de-final (a Zâmbia, que ganhou aos iranianos por 4-2, já está qualificada e no primeiro lugar). E aí, em caso de nova igualdade, nem mesmo a calculadora pode ser suficiente: só os melhores quatro terceiros classificados seguem em frente…