No mundo ocidental, serão poucos aqueles cujo imaginário, com maior ou menor intensidade, não foi influenciado pela saga do espião mais célebre do mundo, saído da pena e da mente de Ian Fleming. Quando se é multimilionário, esta realidade pode tornar-se em algo completamente diferente. Sobretudo quando se é dono uma imaginação fértil e de uma invejável ousadia para apostar na inovação.

Um sistema de pagamentos via Internet mundialmente famoso, a marca de automóveis eléctricos mais célebre do planeta e uma empresa de transporte espacial são já conquistas alcançadas, aos 45 anos, por Elon Musk – só para referir as mais significativas. Mas, quase tão impressionante quanto o currículo do empresário de origem sul-africana, são as suas ambições e os seus projectos por concretizar.

E que relação tem tudo isto com James Bond? Muito simples. Amante das aventuras do espião ao serviço de Sua Majestade, o CEO da Tesla e da SpaceX, e fundador da PayPal, decidiu, há uns anos, gastar quase 800 mil euros num leilão para se tornar proprietário de um Lotus Esprit muito especial. Sim, aquela unidade pintada de branco que, no filme “007 – Agente Irresistível”, protagonizada pelo recentemente desaparecido Roger Moore, se transformava, como num passe de mágica, de automóvel em submarino.

O problema é que Musk, depois de aquirir a sua nova relíquia, ficou a perceber que esse exemplar do desportivo britânico mais não era do que um protótipo cinematográfico. Ou seja, pouco mais era do que um Esprit com umas aletas colocadas na lateral, capaz de se mover debaixo de água, é um facto, mas sem contudo ser, efectivamente, um submarino (não sendo estanque, quem o tripule terá de recorrer a um equipamento que lhe permita respirar debaixo de água), e muito menos tendo a capacidade de se mover pelos seus próprios meios em terra. Logo, de todo incapaz de transformar-se de automóvel em submarino, ao contrário do que acontecia no cinema.

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Na altura, Musk dava conta do seu desapontamento: “Fiquei desiludido ao perceber que, efectivamente, não pode transformar-se. O que vou fazer é evoluí-lo com um motor da Tesla e tentar conseguir que, realmente, se transforme [de automóvel em submarino]”. Apesar desta promessa, seria bem possível que este plano de Musk fosse demasiado arrojado, pois a verdade é que até esse Esprit continua em exposição no centro de estilo da Tesla em Hawthorne, no estado norte-americano da Califórnia, exactamente no mesmo estado em que estava quando foi comprado pelo patrão da marca.

Só que a história pode bem não acabar aqui. Quando questionado, via Twitter, acerca dos seus planos para transformar esse Esprit, Elon Musk, como é seu timbre, não fugiu à pergunta, e até alimentou as esperanças dos que acreditam que, um dia, o empresário poderá vir a realizar a sua ambição inicial. Nas suas palavras:

Vamos manter o submarino Lotus de Bond tal como é. Aquele conceito não permite, de facto, converter o automóvel em submarino. Temos um novo conceito em mente que o permite. ”

Uma afirmação que, na maioria dos casos, tenderia a ser considerada como uma forma simpática de dar uma satisfação a um seguidor. Mas quando esta mesma afirmação vem de Elon Musk, é bem possível que, na forja, esteja mais uma surpresa…