O poeta e romancista Manuel Alegre venceu esta quinta-feira o Prémio Camões de 2017. É o 29º escritor — e o 12º português — a receber aquele que é considerado o mais importante prémio literário da língua portuguesa. O prémio foi decidido na tarde de quinta-feira na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, no Brasil. O júri era composto por Maria João Reynaud e Paula Mourão, ambos ensaístas, e os académicos brasileiros José Luís Jobim de Salles Fonseca e Leyla Perrone Moisés. Entre o júri estava também o poeta cabo-verdiano José Luíz Tavares e Lourenço do Rosário, moçambicano especialista em literaturas africanas.

Manuel Alegre vai ganhar cem mil euros graças a um prémio criado em 1988 pelos governos de Portugal e Brasil. De acordo com o protocolo do Prémio Camões, pode vencer qualquer “autor de língua portuguesa que tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”. O prémio é sempre atribuído, alternadamente, em Portugal ou no Brasil, mas também entram a concurso autores de literatura africana.

Em declarações ao DN, Manuel Alegre afirmou: “É natural que me atribuam este prémio. Até podia ter sido mais cedo”.

Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, classificou a atribuição do prémio como “uma homenagem justíssima a uma grande figura da literatura portuguesa”.

Nos termos do próprio prémio, [Manuel Alegre] contribuiu e contribui para o enriquecimento literário e cultural, não apenas português, mas do mundo da lusofonia”, acentuou.

Marcelo Rebelo de Sousa falava antes de um jantar de gala dos 60 anos da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e afins de Portugal no porto de Leixões, em Matosinhos, no âmbito do programa das comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Como poeta, começou a destacar-se nas coletâneas ‘Poemas Livres’ (1963-1965). Mas o grande reconhecimento nasce com os seus dois volumes de poemas, ‘Praça da Canção’ (1965) e ‘O Canto e as Armas’ (1967), apreendidos pelas autoridades antes do 25 de Abril, mas com grande circulação nos meios intelectuais”, lê-se no comunicado divulgado, pelo Governo português.

O primeiro autor a receber o Prémio Camões foi Miguel Torga, em 1989. Desde então tem-se procurado equilibrar o número de autores de várias nacionalidades premiados. Entre os portugueses vencedores estão Vergílio Ferreira (1992), José Saramago (1995), Eduardo Lourenço (1996), Sophia de Mello Breyner Andresen (1999), Eugénio de Andrade (2001), Maria Velho da Costa (2oo2), Augustina Bessa-Luís (2004), António Lobo Antunes (2007), Manuel António Pina (2011) e Hélia Correia (2015).

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