A 6.ª edição do NOS Primavera Sound arranca esta quinta-feira com a eletrónica dos Justice como cabeça de cartaz. O hip hop, que tantas vezes no passado esteve incompreensivelmente apagado de um festival cujos cartazes primam pela variedade e pela qualidade, surge logo neste primeiro dia com Run the Jewels, para mostrar que, este ano, as coisas vão ser diferentes.

O Observador vai estar presente no Parque da Cidade do Porto e, antes e cada dia, deixa uma losta dos concertos a não perder. Para o primeiro dia, e uma vez que não há sobreposições e é possível assistir a todos os concertos, fazemos uma apresentação das oito bandas e projetos que vão atuar entre as 17h e as duas da manhã. No final, recordamos o cartaz completo. Que comece a maratona musical.

Samuel Úria

17h00, palco Super Bock

No dia 10 de junho de 2009, Samuel Úria escreveu e gravou um disco inteiro em sua casa. No dia 8 de junho de 2017, foi o escolhido para abrir o NOS Primavera Sound, em representação do que de mais criativo se vai fazendo na música portuguesa. Muitas mais canções se seguiram desde aquele A Descondecoração de Samuel Úria. Infelizmente, não vão caber todas no alinhamento de cerca de 45 minutos.

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Cigarettes After Sex

17h50, palco NOS

Passaram pelo último Vodafone Paredes de Coura e eram uma das bandas do dia que os festivaleiros mais queriam ver. O novo disco, Each Time You Fall In Love, sai esta sexta-feira e a curiosidade em ouvir as novas canções, na voz doce de Greg Gonzalez, são um motivo extra para se chegar a horas, estender a toalha na relva e sonhar esta dream pop de olhos abertos.

Rodrigo Leão & Scott Matthew

18h50, palco Super Bock

17 mil quilómetros separam o australiano Scott Matthew do português Rodrigo Leão. Musicalmente, os dois complementam-se de tal forma que mandaram a geografia às urtigas e gravaram, no ano passado, o disco Life is Long. Rodrigo compôs, Scott escreveu as letras e o resultado são canções belas e melancólicas, como a que aqui deixamos. Veremos como funcionam ao ar livre, num festival urbano.

Miguel

20h00, palco NOS

Representante do melhor do novo R&B e aclamado pela crítica, Miguel deverá conseguir a primeira enchente do dia, em frente ao palco principal. O norte-americano de ascendência mexicana e afro-americana confirmou com o terceiro álbum, Wildheart, lançado em 2015, que sabe misturar o funk, o hip hop e a eletrónica. Os Grammy, atentos, nomearam Wildheart para Melhor Álbum Urbano Contemporâneo. Ganharam os The Weeknd, é certo. Ganhámos todos nós, por momentos como este “Coffee”:

Arab Strap

21h10, palco Super Bock

É o primeiro concerto do festival de uma banda que teve sucesso no passado, terminou há 11 anos e voltou nesta década. Há mais regressados ao longo de três dias, como Royal Trux e The Make-Up. A verdade é que os Arab Strap nem eram para estar aqui — foram convidados após a desistência forçada dos Grandaddy. Espera-se do duo formado por Aidan Moffat e Malcolm Middleton uma trip down memory lane, já que o último disco de originais dos escoceses foi lançado em 2005.

Run the Jewels

22h20, palco NOS

Se em passadas edições nos queixámos que, num cartaz tão eclético, continuava a faltar o hip hop, este ano as coisas mudaram. A santa aliança EI-P e Killer Mike tem um novo disco para apresentar, de onde saiu “2100”, escrita meses antes da vitória de Trump, mas que os dois lançaram mais cedo como resposta à situação política que se vive atualmente nos Estados Unidos. Bem-vindo seja o hip-hop de protesto, por oposição ao hip hop materialista que tomou conta da América durante demasiado tempo.

Flying Lotus

23h30, Palco Super Bock

Kendrick Lamar, Herbie Hancock, Thom Yorke. A versatilidade e a qualidade de Steven Ellison, o homem por trás de Flying Lotus, faz com que gigantes da música queiram trabalhar consigo e criar coisas diferentes. Não é fácil definir o som que sai da mente deste DJ, rapper, produtor e realizador. Independentemente das tribos presentes no Parque da Cidade — rock, metal, hip hop, eletrónica — vai ser bonito vê-las todas juntas em frente a Flying Lotus.

Justice

00h45, palco NOS

Ei-los finalmente, os cabeças de cartaz. Gaspard Augé e Xavier de Rosnay demoraram cinco anos a lançar o sucessor de Audio, Video, Disco (2011), mas a esperar terminou no final de 2016, com Woman. As críticas não foram tão brilhantes quanto as que os franceses tinham obtido com os dois primeiros discos, mas quem quer saber de estrelas e pontuações à uma da manhã de um festival? A palavra de ordem, já se sabe, será: DANCE.