Todos os 24 andares do prédio arderam. Há dezenas de feridos confirmados e, pelo menos, seis mortos. Segundo adiantou à Lusa a cônsul-geral de Portugal em Londres, Joana Gaspar, há três famílias de portugueses e outros dois emigrantes a residir no prédio que esta quarta-feira ficou destruído no incêndio. A maioria dos portugueses conseguiu escapar em segurança..
Miguel Alves é emigrante em Londres há 25 anos. À SIC Notícias, contou como escapou (e ajudou a família a escapar também) à morte esta madrugada. “Cheguei ao prédio, estava a subir no elevador — o meu andar era o 13.º — , entretanto alguém carregou para o 4.º, e estava tudo cheio de fumo. A minha reação foi sair do elevador, ir pelas escadas e resgatar os meus filhos. Mandei a minha esposa sair do prédio, alertei os meus vizinhos — pelo menos os do mesmo andar –, e saí calmo.” Miguel perdeu tudo. Agora, é tempo de recomeçar. “Tinha toda uma vida ali, 25 anos em Londres e fiquei com a roupa que tinha no corpo. Preciso de descansar, tenho bons amigos que me vão acolher, mas não sei o que vou fazer a seguir”, explicou.
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Tal como Miguel, também Francisco Ramos é português, emigrante em Londres, e vivia no prédio que ardeu esta madrugada. Não estava em casa na altura do incêndio. “Estava a trabalhar, estudo música em Londres. Estava fora do prédio e tive pessoas a ligar-me, a perguntar se estava lá, porque as chamas estavam a cobrir o edifício. Não fui para lá porque sabia que não podia fazer nada. Morava no 13.º andar”, começou por explicar à SIC Notícias, acrescentando depois: “Estive ao pé do edifício e senti uma dor no coração quando vi a minha casa a arder”. Francisco não perdeu tanto quanto Miguel Alves, mas também ele ficou sem nada no incêndio: “Eu vivo aqui há pouco tempo, mas foi o suficiente para perder muita coisa, tudo o que tinha trazido para cá.”
Isabel Afonso, 22 anos, é portuguesa e emigrante em Londres. Não vivia no prédio que ardeu, mas no edifício imediatamente ao lado. Ao The Guardian, Isabel conta que por volta da 1h30 acordou com o ruído, tendo descido imediatamente até à rua. Foi lá que se apercebeu da dimensão do incêndio — e também da aflição de quem habitava no prédio e não conseguia escapar, desesperando por ajuda. “Havia gente sentada no parapeito da janela. Diziam que iam saltar. E havia gente cá em baixo a dizer para não saltarem, porque os bombeiros estariam a chegar”, explicou Isabel. E acrescentou: “Nós podíamos ver gente a bater na janela, a gritar por ajuda. Foi horrível!”
Pai, mãe grávida e os dois filhos hospitalizados
Uma família de portugueses que residia no 21º andar do prédio está também hospitalizada por inalação de fumos. A mulher, de 38 anos, está num estado avançado de gravidez e foi internada depois de ter sido retirada do edifício. O pai e as duas crianças também foram internadas. Todos os membros da família estão livres de perigo e permanecem no hospital para observação, confirmou ao Observador, Vítor Pinto, assessor do secretário de Estado das Comunidades.