O avião da TAP que caiu na Madeira

Novembro de 1977, 131 vítimas mortais

A 19 de novembro de 1977, um avião da TAP despenhou-se na ilha da Madeira depois de ter tentado aterrar no aeroporto. A aeronave tinha partido de Bruxelas com destino ao Funchal, tendo feito uma escala intermédia em Lisboa de onde saiu com oito tripulantes e 156 passageiros. Ao chegar à Madeira, pelas 21h, recebeu informações de que as condições meteorológicas na ilha não eram as melhores. Chovia torrencialmente, os ventos eram de intensidade variável e a visibilidade franca.

Segundo o relatório do acidente da Direção-Geral da Aeronáutica Civil, o avião fez três tentativas de aterragem para a pista 24. À terceira, a última de que dispunha o comandante João Costa antes de ter de desviar o voo para o Aeroporto de Las Palmas, o avião deslizou pela água acumulada pela chuva, saindo da pista e despenhando-se sobre uma ponte de pedra, uns metros mais abaixo. As diferentes partes da aeronave ficaram espalhadas pela área circundante. “A secção de cauda ficou sobre a ponte e a asa direita e os três reatores a montante desta.” O resto caiu junto à praia, onde foi consumido pelas chamas. “A aeronave ficou completamente destruída devido a explosão e consequente incêndio”, refere o relatório.

Das 164 pessoas que iam a bordo, apenas 33 sobreviveram. Das 122 vítimas mortais, nove nunca chegaram a ser encontradas. No relatório final, a Direção-Geral da Aeronáutica Civil apontou como causa provável “a impossibilidade de desacelerar a aeronave até à paragem no comprimento da pista” devido muito “provavelmente” às condições meteorológicas e à velocidade da aterragem.

O avião da SATA que caiu na Madeira

Dezembro de 1977, 36 vítimas mortais

A 18 de dezembro de 1977, um avião da companhia suíça SATA que tinha partido de Genebra, caiu ao largo do ilha da Madeira depois de ter tentado aterrar no Aeroporto de Santa Catarina. Testemunhas no local relataram terem visto o avião no ar apenas durante alguns segundos depois de ter passado pelo aeroporto, caindo de seguida no mar, por volta das 20h14.

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Apenas os mais rápidos conseguiram sobreviver, nadando para fora dos destroços. De acordo com o relatório da Direção-Geral da Aeronáutica Civil, “os dois pilotos saíram, nadando, pelas janelas laterais do cockpit, os passageiros e os restantes membros da tribulação” saíram por um grande buraco no teto na cabine. Os que se conseguiram salvar foram recolhidos por pescadores, que se fizeram ao mar assim que viram o avião cair, e pela Marinha.

As notícias da altura falam em alguma confusão na hora do salvamento. A Direção-Geral da Aeronáutica refere que a localização e a hora a que se deu o acidente não possibilitaram “uma busca e salvamento tão rápida quanto seria de desejar”. Apenas 21 das 52 pessoas que seguiam no avião conseguiram chegar sã e salvas a terra, e 17 nunca foram encontradas. Alguns dos passageiros não conseguiram desapertar os cintos, acabando por mergulhar com o avião.

Os relatos da época apontam o tempo como causa provável do acidente, uma hipótese que acabou por ser afastada no relatório da Direção-Geral da Aeronáutica Civil. Segundo o organismo, “o acidente resultou duma amaragem involuntária que aconteceu durante a aproximação”. “A passagem do avião abaixo da ladeira de descida pode ter origem na falta de coordenação entre os pilotos e na ilusão sensorial da tripulação preocupada com a procura dos sinais visuais da pista.”

Desastre ferroviário de Alcafache

Setembro de 1985, número total de vítimas mortais nunca foi determinado

A 11 de setembro de 1985, ao final da tarde, dois comboios que circulavam em sentidos opostos chocaram frontalmente entre as estações de Mangualde e Nelas, em Alcafache. Um deles — um comboio regional –, seguia rumo a Coimbra. O outro — um Sud-Express com destino a Paris — vinha do Porto e estava cheio de emigrantes portugueses que regressavam a casa no final das férias. Circulava com vários minutos de atraso.

O serviço regional, que deveria ter permanecido na estação de Mangualde até fazer o cruzamento com o internacional, decidiu seguir viagem estimando que o atraso do Sud-Express seria suficiente para chegar à próxima estação, em Nelas. Já este, menos atrasado do que se calculava, julgou que o caminho estava livre até Mangualde a partir de Nelas. Apercebendo-se do embate, o chefe da estação ainda telefonou para a estação de Moimenta-Alcafache para avisar da partida do internacional. Mas era tarde de mais. Por volta das 18h37, os dois comboios colidiram.

As locomotivas, que circulavam a cerca de 100 km/h, ficaram imediatamente destruídas. Várias carruagens começaram a arder, acabando por ser consumidas pelas chamas. Muitos dos passageiros ficaram presos, morrendo queimados ou asfixiados. Não foi possível, na altura, determinar o número exato de vítimas mortais. Segundo a a TVI, as estimativas variam entre 40 e 200 mortos. A violência do acidente, a falta de controlo sobre o número de passageiros impediu uma contagem mais exata das vítimas, das quais apenas 14 foram identificadas.

Os restos mortais que não foram identificados foram depositados numa vala comum perto do local do acidente, onde depois foi erigido um monumento em memória das vítimas. Este foi o pior acidente ferroviário da história de Portugal.

O avião da SATA que caiu nos Açores

Dezembro de 1999, 35 vítimas mortais

A 11 de dezembro de 1999, pouco depois das 9h da manhã, um avião da SATA despenhou-se no Pico da Esperança, na ilha de São Jorge, depois de ter feito uma escala no aeroporto de Ponta Delgada, rumo à Horta. Levava 35 pessoas a bordo. Nenhuma sobreviveu. No relatório do acidente, o Instituto Nacional de Aviação Civil, refere que o aparelho embateu no pico, sobretudo, por falha humana.

Pouco depois de levantar voo do aeroporto de Ponta Delgada, o avião foi desviado da rota sem que a tripulação se apercebesse. Quando repararam na proximidade com o Pico da Esperança já era tarde de mais. “A asa esquerda embateu na encosta do Pico da Esperança, separando-se da fuselagem“, diz o relatório do Instituto Nacional de Aviação Civil. Segundo este, a principal causa terá sido o “não respeito pela altitude de segurança a colisão ocorre em rota, em voo controlado contra o terreno”. Além disso, o aparelho foi orientado por uma navegação estimada imprecisa e não utilizou de forma correta o radar de tempo.

O mau tempo só agravou a situação. Naquele dia, a informação meteorológica fornecida pelo Instituto de Meteorologia previa que, entre meia-noite e as 18h, o arquipélago dos Açores estaria sobre a “ação de uma superfície frontal fria, apresentando céu muito nublado, vento sudoeste moderado a forte”. Este foi o pior acidente aéreo nos Açores.

Tragédia de Entre-os-Rios

Março de 2001, 59 vítimas mortais

A 4 de março de 2001, pelas 21h15, a Ponte Hintze Ribeiro, que fazia a ligação entre Castelo de Paiva e Entre-os-Rios, colapsou. O acidente arrastou para as águas um autocarro de 53 passageiros e três carros, com seis pessoas. Ninguém sobreviveu. O caso levou à demissão do então ministro do Equipamento Social da altura, Jorge Coelho, e à abertura de um inquérito para o apuramento de responsabilidades. O caso chegou a tribunal em maio de 2006. Os arguidos, seis engenheiros, foram absolvidos em outubro desse ano.

Projetada pelo engenheiro António de Araújo Silva, a ponte começou a ser construída a 1884 por uma empresa belga. Recebeu o nome de Hintze Ribeiro, que ocupou o cargo de primeiro-ministro durante vários períodos desde o final do século XIX ao início do século XX. O acidente de março de 2001 foi causado pela derrocada do pilar 4, que levou ao colapso do tabuleiro da ponte.

O inquérito e julgamento que se seguiu teve como objetivo perceber se os engenheiros responsáveis poderiam ter feito algo para evitar a tragédia. Contudo, segundo o acórdão do tribunal, “uma coisa é explicar o que se passou, outra, bem diversa, é prever o que se vai passar”. “As regras técnicas de que se fala no despacho de pronúncia são meros princípios e afirmações de carácter geral. Ora, se não existiam normas técnicas que impusessem um modo de agir concreto aos arguidos, também não se verifica qualquer violação”, referia o documento, citado pelo Correio da Manhã.

Em janeiro de 2003, junto à ponte de Entre-os-Rios, foi inaugurado o monumento de homenagem às vítimas, designado “Anjo de Portugal”, onde estão inscritos os nomes daqueles que morreram no acidente.

Cheias na ilha da Madeira

Fevereiro de 2010, 47 vítimas mortais

A 20 de fevereiro de 2010, uma precipitação fora do normal — provocada por um sistema frontal de forte atividade associado a uma depressão que se deslocou a partir dos Açores, segundo informações divulgadas na altura pelo Instituto de Meteorologia — provocou cheias sem precedentes na Madeira. A zona sul da ilha foi a mais afetada com inundações e derrocadas. Pelo menos 600 pessoas ficaram desalojadas, 250 ficaram feridas e cerca de 47 acabaram por morrer. Os prejuízos ascenderam aos 1.080 milhões de euros.