Estão compradas, por 70 mil euros, e disponíveis a partir do final da próxima semana, as duas antenas satélite que faltavam em duas das unidades móveis do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP). As viaturas estavam à espera da ligação satélite desde 2015, uma situação que o trágico incêndio de Pedrógão Grande veio acelerar.
A informação foi adiantada pelo secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, que esteve no Parlamento com a ministra Constança Urbano de Sousa, numa audição do grupo de trabalho para a reforma florestal. Ao Observador, o secretário de Estado disse depois da audição que a aquisição das novas antenas teve um custo na ordem dos 70 mil euros. A aquisição das duas antenas por ajuste direto já tinha sido anunciada pelo primeiro-ministro, no debate quinzenal da semana passada.
Jorge Gomes anunciou que as quatro viaturas do SIRESP estão em funcionamento na próxima semana, depois de questionado pelo deputado dos Verdes, José Luís Ferreira, sobre a falta de antenas satélite em duas das viaturas, um dos problemas apontado para as falhas do SIRESP na noite em que deflagrou o incêndio em que morreram 64 pessoas. Na noite do grande fogo, apenas uma das quatro viaturas estava operacional, com ligação satélite, tendo sido admitidas falhas por parte do Executivo logo nas primeiras horas do incêndio. Outra das viaturas estava avariada desde a visita do Papa, a 13 de maio, e as outras duas estavam sem a antena necessária para comunicações via satélite. Na próxima semana será a primeira vez que todas estarão ativas.
SIRESP. As polémicas do sistema de comunicações que falhou (outra vez)
Na mesma audição, antes do secretário de Estado, a ministra da Administração Interna disse que até ao momento a GNR já fez tantas detenções pelo crime de incêndio florestal como no total do ano passado. E também referiu que no ano passado houve mais de 400 mil ignições por dia, um valor que considerou “excessivo”.
“No primeiro semestre houve um aumento muito significativo do número de detenções” relacionadas com o crime de incêndio florestal, disse a ministra que adiantou o número: “Neste momento a GNR deteve 20 pessoas. Em todo o ano de 2016 deteve 21”. Os dados mais atualizados disponibilizados pela GNR e pela PJ foram revelados pela ministra: do início do ano até agora, a GNR fez as 20 detenções já referidas e a PJ 27. O valor é superior ao mesmo período do ano passado, em que foram registadas apenas 8 detenções (duas pela GNR e 6 pela PJ).
Com estes números, Constança Urbano de Sousa pretendia mostrar a eficácia da ação sobretudo da GNR, força que tutela, na prevenção de fogos. A ministra disse que, em comparação com o período homólogo de 2016, este ano a GNR já conta mais de 76 mil ações de vigilância, um valor “superior às 75 mil horas de empenhamento no ano passado”. Na comparação de períodos, Constança Urbano de Sousa ainda referiu o número de patrulhas da GNR, que este ano está nas 13 mil, quando no mesmo período do ano passado (em que também era ministra) foram 12 mil, e também o “aumento” dos autos de notícias (multas), que até agora foram 182.
Na audição sobre a reforma florestal, um dos principais problemas que até agora tem sido apontado pela oposição é a “pressa” com que a legislação sobre a reforma florestal está a ser preparada (há duas semanas os deputados decidiram completar o processo no espaço de um mês). A seguir à responsável pela Administração Interna será ouvido o ministro da Agricultura, Capoulas Santos.