O MIMO começou no Brasil em 2004, na cidade de Olinda, Estado do Pernambuco, pelas mãos de Lu Araújo, atual diretora do festival. O município brasileiro, na altura, pouco conotado com eventos culturais, tinha importantes monumentos históricos, que mais tarde foram aproveitados pelo MIMO para concertos e debates de ideias. No ano passado, o festival emigrou para Portugal, mais propriamente para Amarante. Este ano, regressa à mesma cidade, com 52 atividades, de 21 a 23 de julho.
Embora seja um evento recente em Portugal — no Brasil já está espalhado por outras cidades como Paraty, Rio de Janeiro e Ouro Preto –, o MIMO quer amadurecer cultural e socialmente em terras lusas. Além dos nove concertos exclusivos na segunda edição, como o pianista norte-americano de jazz Herbie Hancock, o grupo musical tuaregue Tinariwen e a cantora londrina Ala.Ni, o festival tem em marcha um novo programa social: “MIMO Sem Barreiras“.
O “MIMO Sem Barreiras” significa exatamente o quê? Com o objetivo de não deixar ninguém de fora, o festival vai disponibilizar, este ano, acompanhamento para pessoas com mobilidade reduzida e necessidades especiais. Haverá não só um espaço reservado, mas também guias para ajudarem os deficientes visuais e intérpretes para pessoas surdas e/ou mudas.
A programação ganha vida em Amarante, mas não está concentrada num único espaço. Desde o Parque Ribeirinho, passando pela Igreja de São Gonçalo e pelo Museu Amadeo de Souza-Cardoso, a ajuda torna-se indispensável para dar mais um passo em direção à cultura e à inclusão.
A música faz-se em língua portuguesa: os Três Tristes Tigres sobem a palco no primeiro dia (sexta-feira), já o fadista Ricardo Ribeiro, o músico Filipe Raposo e o brasileiro Rodrigo Amarante fazem parte do cartaz do último dia, domingo.
Já para quem tem curiosidade em ver os artistas de música em registos diferentes e não necessariamente nas melodias, Manuel Cruz — mais conhecido como o vocalista dos Ornatos Violeta — vai dar uma palestra ao final de tarde de sábado. A atividade está inserida no “Fórum de Ideias”, que tal como o nome indica, pretende falar e debater a música.
No serviço educativo, o público terá oportunidade de participar em alguns workshops como o de Anne Paceo, baterista de jazz francesa, ou a masterclass de guitarra do português Pedro Jóia. Em todas as atividades da programação (concertos incluídos), a lotação da sala dita a participação e a presença do público. A entrada é gratuita durante os três dias de MIMO.
Já para quem gosta de poesia, haverá “chuva”. De poesia, claro está. No domingo, no Largo de São Gonçalo, alguns poemas de autoras serão declamados. As protagonistas são Sophia de Mello Breyner Andresen, Ana Cristina César, Emily Dickinson e Rupi Kaur.
No campo da sétima arte, o Cinema Teixeira de Pascoaes será um dos locais para assistir à estreia em Portugal do documentário de José Eduardo Miglioli, Chico Science – Um Caranguejo Elétrico, que retrata a vida do artista brasileiro Francisco de Assis Brandão, impulsionador do estilo musical manguebeat (mistura de rock, eletrónica e hip hop com melodias regionais do Estado de Pernambuco).
E se é para conhecer Amarante que vai até ao MIMO, há também um “Roteiro Cultural Guiado” para saber mais sobre as tradições e o património da cidade banhada pelo Rio Tâmega. Começa às 9h de sábado e de domingo e vai pela manhã fora. O festival que recebeu cerca de 24 mil pessoas no ano passado, regressa esta sexta-feira e prolonga-se até domingo, com o concerto de encerramento de Manuel Cruz.