No ano em que Portugal perdeu com a Grécia a final de um Campeonato Europeu de Futebol, nasceu no Brasil o Mimo Festival, um dos maiores festivais gratuitos do país. 12 anos depois, Portugal não só conquista o caneco como ganha para si a primeira internacionalização do Mimo Festival. A primeira edição acontece em Amarante, entre sexta-feira e domingo, e conta com cabeças de cartaz internacionais como Tom Zé, Mat Metheny e Ron Carter.

A promessa da organização é simples: “concertos de grandes nomes da música nacional e mundial, cinema, workshops, masterclasses e a Chuva de Poesia”. Ao todo há cerca de 33 atividades para aproveitar mas, quem só puder fazer uma coisa, deve marcar na agenda as 21h45 de domingo. A essa hora vão estar no Parque Ribeirinho o norte-americano Pat Metheny, um dos maiores guitarristas jazz do mundo, vencedor de 20 Grammy, e Ron Carter, contrabaixista multipremiado (incluindo dois Grammy), que tocou com Miles Davis.

Um pouco antes, às 20h00, no mesmo local, atuam Mário Laginha e Pedro Burmester, outra dupla imperdível de músicos. E já que estamos numa de recuar, às 17h00 o DJ Marcelinho da Lua anima o Parque com uma sessão de DJ Set.

O primeiro dia do festival, 15 de julho, mostra que os sons lusófonos são a principal identidade do evento. Há samba às 18h00, logo seguido do brasileiro Egberto Gismonti, que canta, compõe, toca guitarra e piano. Às 22h30, o Parque Ribeirinho é o mais próximo que estaremos de Angola, com os concertos dos Kiezos e de Next.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Às 00h30 chega, enfim, o cabeça de cartaz da noite: Tom Zé, um dos fundadores do tropicalismo. Desde os anos 60 a fazer música, o brasileiro deverá passar em revista cinco décadas de carreira. Tom Zé, que este ano fará 80 anos, é ainda homenageado com uma mostra, que será inaugurada às 18h00, palestras e filmes sobre a sua vida e obra.

No sábado, 16 de julho, as propostas são muitas mas há dois concertos que se destacam. O primeiro é o do maliano Vieux Farka Touré, filho do lendário guitarrista Ali Farka Touré e que, de acordo com o jornal britânico The Guardian, está bem lançado para ser “o novo herói africano da guitarra”. Para ver às 22h30 no Parque Ribeirinho.

No final do concerto, às 00h30, não vale a pena sair do sítio porque vai chegar ao palco Hamilton de Holanda. Com ele o espetáculo “Baile do Almeidinha”, que apresentou há quatro anos para milhares de pessoas e onde se incluem sucessos de Chico Buarque, Pixinguinha, Paulinho da Viola e do próprio Hamilton. Numa nova versão do espetáculo, o músico brasileiro faz-se acompanhar aqui do português Miguel Araújo, da espanhola Silvia Perez Cruz e do cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa.

Amarante

Além da música há poesia a cair das igrejas e passeios pela cidade. © António Cabral / Divulgação

A par da programação musical realiza-se o Festival Mimo de Cinema, que terá lugar no Cinema Teixeira de Pascoaes, e arranca com uma mostra especial de homenagem aos 80 anos a Tom Zé. Serão ainda exibidos os melhores filmes dos últimos anos apresentados no Mimo Brasil, e uma seleção de produções inéditas dedicadas a Portugal e a França.

A Etapa Educativa também é parte integrante da programação do festival e tem como objetivo promover encontros entre os músicos cabeças-de-cartaz com jovens profissionais e estudantes de música. Tudo vai acontecer no Centro Cultural de Amarante, e tudo significa workshops, masterclasses e oficinas conduzidas por Vieux Farka Touré, Pedro Burmerster, Hamilton de Holanda, Marcelinho da Lua, Marcelo Caldi, Xande Figueiredo e Guto Wirtti, Bernardo Aguiar e Edu Neves.

À semelhança do que acontece no Brasil, em Amarante haverá também uma Chuva de Poesia, com milhares de versos de poemas impressos em pedaços de papéis coloridos a serem lançados do alto das torres de igrejas, numa homenagem a grandes nomes da poesia portuguesa.

Para quem quer aproveitar para conhecer melhor Amarante, às 11h00 de domingo haverá um passeio guiado entre as margens do Rio Tâmega até à Igreja de São Gonçalo. O programa completo pode ser consultado online.