Pode até ter perdido uma das nove medalhas de ouro em Jogos Olímpicos que conquistou (exatamente para o doping, ainda para mais consumido por terceiros, o colega Nesta Carter com quem correu os 4×100 metros em Pequim), mas Usain Bolt prepara-se para pendurar as sapatilhas de bicos em grande estilo.
Prestes a correr os 100 metros e os 4×100 metros nos Mundiais de Atletismo que arrancam esta sexta-feira em Londres, os seus derradeiros, o jamaicano disse esta quarta-feira em conferência de imprensa coletiva que já imagina as parangonas: “Usain Bolt terminou invicto numa grande competição. Foi imparável”.
Parece-me fantástico sermos nós a decidir retirar-nos e não o desporto a mandar-nos para casa. Quer dizer que estás satisfeito com o que fizeste”, congratulou-se o atleta, que completa 31 anos no próximo dia 21 de agosto.
Quando lhe perguntaram se acredita que ainda é o mais rápido do mundo, foi taxativo: “Yeah, sem dúvida”. Sobre os seus recordes e se iriam ser quebrados, também não foi modesto: “Espero que não sejam. Nenhum atleta espera uma coisa dessas — quero poder gabar-me aos meus filhos quando tiverem 20 anos: ‘Vêem, continuo a ser o melhor! Não existe nenhum atleta neste momento, desta geração, que possa ser capaz de o fazer. Talvez daqui a uns anos, dez anos, mas para já os meus recordes estão seguros”.
Mas, antes de ir, o jamaicano fez questão de deixar um aviso aos colegas atletas: “Se continuarem a dopar-se o atletismo vai morrer”.
Considerando que a situação até está bastante melhor desde que o relatório apresentado pelo advogado Richard McLaren revelou, em dezembro de 2016, um esquema de doping promovido pelo governo russo e envolvendo mais de mil atletas — “Aí batemos no fundo” –, o jamaicano não quis deixar de chamar a atenção para o problema.
“O doping é sempre uma coisa má, nunca é agradável porque tu dedicas-te e trabalhas a fundo e a modalidade começa a andar para a frente e depois vêm outros tipos que a fazem andar para trás, é difícil. Agora está tudo a ir na direção certa e espero que continue assim.”