Cerca de uma centena de residentes de Barcelona ocuparam este sábado a praia adjacente ao bairro de Barceloneta, um dos mais antigos e também dos mais turísticos da cidade, em protesto contra aquilo que consideram a usurpação dos espaços e dos recursos por parte de um número cada vez maior de turistas.

O turismo é uma das atividades mais lucrativas da região — representando cerca de 11% do produto interno bruto da Catalunha — e teve um papel importante na diminuição dos números do desemprego em Espanha, mas o grupo que mais tem lutado contra o turismo de massas, o Arran, considera que os dividendos da atividade não são distribuídos de forma igualitária, que os empregados nas áreas da hotelaria e restauração recebem salários muito baixos e que a pressão imobiliária está a expulsar as pessoas dos seus bairros.

“E agora querem as nossas casas”, lê-se no cartaz que um grupo de ativistas colocou a praia de Barcelona, este sábado JOSEP LAGO/AFP/Getty Images

Alguns do manifestantes usaram t-shirts com caveiras e slogans que tinham inscritas frases como “o turismo mata os bairros” ou “Barceloneta não está à venda”, escritas em catalão. Algumas pessoas fizeram os próprios cartazes em casa e preferiram escrever em inglês: “não queremos os turistas nos nossos prédios. Isto não é um resort“.

A tensão já levou a alguns episódios que as autoridades descreveram como “violentos” e “vandalismo”. Em julho, membros do Arran invadiram um restaurante perto da catedral em Palma de Maiorca, lançado very lights de várias cores e confetti para os pratos das pessoas que estavam a almoçar. Já em agosto, em Barcelona, quatro membros do grupo, encapuçados, pararam um autocarro, retalharam os pneus e escreveram frases contra o turismo nas janelas do veículo.

Antes deste episódio, já tinham aparecido várias frases anti-turistas nas paredes de alguns hotéis da capital da Catalunha, tal como em Valência e em Palma de Maiorca. As chefias do grupo sublinham que não são contra os turistas, mas contra o modelo de “exploração ultracapitalista do negócio”. Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol, disse recentemente que nunca pensou ver-se “na necessidade de defender o setor do turismo” e disse que estas ações de “vandalismo” eram “completamente inaceitáveis”.

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