Morreram 13 pessoas na sequência da queda de um carvalho junto à igreja do Monte, no Funchal. A árvore de grande porte caiu pouco depois das 12h00, enquanto uma procissão se preparava para sair daquele local de culto.
Os feridos seguiram para o Hospital Nélio Mendonça do Funchal. Entre as vítimas mortais, há uma criança e estrangeiros — de nacionalidades húngara, alemã e francesa. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já vai a caminho da capital da ilha.
Os primeiros relatos da tragédia surgiram no Jornal da Madeira, que apontava para dois mortos e um ferido em estado grave. De seguida, a RTP aumentou a contagem de vítimas mortais para 10. Seguiram-se horas em que a contagem oficiosa subiu para os 12 — número esse que viria a ser confirmado em conferência pelo secretário regional da saúde, Pedro Ramos.
Fonte no local da tragédia disse à agência Lusa que a árvore tombou na zona onde são vendidas velas, tendo provocado grande comoção nas centenas de pessoas que estariam no local à espera do início da procissão, que foi entretanto cancelada.
Os bombeiros tiveram de cortar a árvore que caiu, um carvalho, para remover os corpos das vítimas mortais. Está disponível um vídeo do Jornal da Madeira que mostra os momentos que se seguiram à queda da árvore.
Residentes já tinham avisado autarquia sobre a árvore e em março caiu galho de grande porte
Para algumas pessoas, a tragédia desta terça-feira já era “previsível“. Foi essa a palavra utilizada por António Mendonça, residente naquela zona do Funchal, numa entrevista à RTP poucas horas depois da queda da árvore. Segundo aquele cidadão, a autarquia do Funchal já tinha sido avisada sobre o estado de risco do carvalho que caiu esta terça-feira. “Houve uma comunicação à vereação anterior [de Miguel Albuquerque], à atual [de Paulo Cafôfo] e notificação judicial”, adiantou o mesmo. “Foram notificados para virem proceder ao corte desta árvore e da outra que estava atrás. Nada fizeram enquanto estiveram no pelouro.” Os dois responsáveis políticos estavam no local quando aconteceu a tragédia, mas ainda não prestaram declarações.
Ao Funchal Notícias, António Mendonça garantiu que já alerta a Câmara do Funchal para esta situação há 14 anos. Só este ano, tinha feito dois avisos.
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Segundo António Mendonça, as respostas da autarquia do Funchal não foram satisfatórias. No tempo de Miguel Albuquerque, que foi autarca naquele concelho entre 1994 e 2013, a resposta terá sido que “é natural que caiam coisas das árvores”. Já durante o mandato de Paulo Cafôfo, que começou em 2013, terá sido dito que “as árvores estavam de boa saúde”.
Em março já tinha havido uma situação semelhante naquela zona, mas daquela vez sem vítimas mortais nem feridos. A 13 de março deste ano, dia em que se registaram ventos fortes na Madeira, caiu naquela zona um galho de grande porte, que segundo António Mendonça teria 12 metros de comprimento e 30 centímetros de diâmetro. Na altura, a ocorrência foi noticiada no jornal online Funchal Notícias. “Por sorte não caiu em cima de nenhum turista”, disse à RTP.
Segundo o Diário de Notícias da Madeira, o carvalho que esta terça-feira matou 13 pessoas estava sinalizado desde 2014.
Além dos bombeiros, a polícia e os serviços de emergência médica também estão no local. O arraial da Senhora do Monte é considerada a maior festa da ilha da Madeira, contando com a presença dos responsáveis pelas principais entidades regionais. O 15 de agosto assinala a Assunção de Maria um feriado religioso que é marcado pela realização de muitas romarias e procissões em todo o país.
O Facebook da RTP está a transmitir imagens em direto do local:
Em 2010, palmeira matou dois no Porto Santo e resultou em condenação de autarcas
Em agosto 2010, já tinha havido duas vítimas mortais no arquipélago da Madeira após queda de uma palmeira durante um comício do PSD-Madeira no Porto Santo. Uma mulher morreu imediatamente e um homem que ficou gravemente ferido viria a morrer menos de dois meses depois. Houve ainda outra mulher que ficou gravemente ferida.
O caso foi levado à justiça e resultou numa condenação quase três anos depois. Em abril de 2013, o ex-presidente da Câmara Municipal do Porto Santo, Roberto Silva, e os então vereadores Gina Brito Mendes e José António Vasconcelos, foram condenados por dois crimes de homicídio por negligência e por um crime de ofensa à integridade física por negligência. Os três foram submetidos a uma pena suspensa de três anos e seis meses.
Segundo o Diário de Notícias escreveu à altura, o coletivo de juízes deu como provado que “o aumento gradual da inclinação da palmeira era percetível para as pessoas que frequentavam o Largo do Pelourinho, incluindo os arguidos que ali passavam quotidianamente e constataram essa inclinação”.
Artigo atualizado às 19h50 com o número de vítimas mortais. A árvore que caiu é um carvalho e não um plátano, como inicialmente foi noticiado.