Foi a atuação mais curta de todas as Vodafone Music Sessions, mas nem por isso menos participada. Os teclados por vezes improváveis de noiserv ecoaram pelas margens do rio Coura na tarde de sábado, último dia do festival minhoto. A colocação do material e os identificadores denunciavam o acontecimento aos festivaleiros de passagem. Muitos ficavam e iam chamando o resto da tribo pelo telefone: “’Bora, vai ser brutal”.

O artista está atualmente a promover o novo álbum 00:00:00:00, sucessor do belíssimo Almost Visible Orchestra que foi considerado o melhor de 2013 pela Sociedade Portuguesa de Autores. O disco teve direito a edição internacional na Naive, label francesa que nos traz nomes como M83, Arno, VKNG e Baden Baden, entre outros. O homem-orquestra apareceu do nada há 12 anos e desde One hundred miles from thoughtlessness, o primeiro longa-duração editado em 2008, lançou dois EP’s e dois singles em vinil, contribuindo regularmente para bandas sonoras de cinema e teatro. Já tinha tocado na 4ª-feira com os You Can’t Win Charlie Brown e regressou no sábado a um dos recantos mais românticos da praia fluvial, junto à margem do rio. Na última Vodafone Music Session deste ano, noiserv apresentou-se com um magnífico piano em miniatura, mais um aparato eletrónico para juntar a coleção de teclados que tem reunido ao longo dos anos.

Noiserv encantou o público com um novo piano-miniatura (fotografia de Hugo Lima)

Os Moon Duo resultam do desaire dos Wooden Shjips, banda mais voltada para o space rock que Erik “Ripley” Johnson fundou em São Francisco. Um quarteto que não tinha condições para continuar devido às ocupações dos membros da banda, difíceis de compatibilizar na hora de sair em digressão. No início, os Moon Duo eram vistos apenas como mais um projeto paralelo do virtuoso guitarrista, que se faz acompanhar por Sanae Yamada desde 2009. Ripley só queria ter uma banda que pudesse aceitar qualquer desafio e, para isso, nada melhor do que formar um duo com a própria mulher, já por diversas vezes considerada a musa inspiradora do artista. Assim nasceu o Moon Duo, um encontro feliz entre uma guitarra e uma torrente eletrónica que dá novos sons ao psicadelismo.

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Recentemente passaram a recorrer aos dotes do baterista canadiano John Jeffrey durante as digressões. Foi assim, em trio, que se apresentaram no Largo da Câmara Municipal de Paredes de Coura para a terceira Vodafone Music Session desta edição do festival. A rua e o largo pareciam ter encolhido, tal era a concentração de pessoas, entre festivaleiros e transeuntes curiosos.

À hora marcada, surgem os artistas e começam a tocar junto ao busto do conselheiro Miguel Dantas, ilustre benemérito courense a quem se atribui grande protagonismo no desenvolvimento do concelho minhoto. Não houve oportunidade para falar com Ripley, após o mini-concerto, mas apostamos que o músico, adepto do Espaço e de tudo o que se relaciona com a astrofísica, ficaria satisfeito de saber que tocou durante meia hora, junto à imagem do homem que levou o telégrafo para a vila, ainda no século XIX.

Dominic Palermo, dos Nothing

À primeira vista pode até parecer uma banda de shoegaze, mas as raízes profundas no punk e no hardcore dão-lhe outra textura. Os Nothing nasceram do génio criativo de Dominic Palermo, que cresceu a ouvir música de Cocteau Twins, Slowdive, Siouxsie & The Banshees e The Cure. Estranha combinação para um adolescente a crescer em Filadélfia, cidade onde viria formar os Horror Show. A banda, conhecida pelo som forte e desolador, não durou muito porque um incidente violento acabaria por levar Palermo à prisão durante algum tempo. Agora numa nova fase, “Nick” Palermo está dedicado ao projeto Nothing desde 2010, com dois álbuns editados até agora, Guilty of Everything, a estreia em 2014, e Tired of Tomorrow editado no ano passado, entre meia-dúzia de singles e EP’s. Na 5ª feira, ao fim da tarde, várias dezenas de festivaleiros convergiram na direção dos acordes elétricos dos Nothing, vindos da zona do campismo, entre as árvores, na margem direita do Coura.

David Gedge, dos The Wedding Present

Os britânicos The Wedding Present trouxeram ao Vodafone Paredes de Coura o espetáculo George Best onde revisitaram a coleção de canções que marcou a estreia da banda em disco, no já longínquo ano de 1987. Inspirado no nome do famoso jogador de futebol da Irlanda do Norte, este álbum é ainda hoje considerado um dos melhores registos de sempre da cena indie pop. O coletivo renascido das cinzas dos Lost Pandas, foi o segundo a pisar o palco Vodafone, na noite de abertura, antes dos Mão Morta. Mas, de facto, apareceu mais cedo, a meio da tarde, na cobertura dos balneários da praia fluvial do Taboão para a primeira das quatro Vodafone Music Sessions que aconteceram nesta 25ª edição do festival.

As Vodafone Music Sessions são um conceito exclusivo, criado pela Vodafone em 2013, que já foi galardoado nos “Portugal Festival Awards” e também nos “Iberian Festival Awards” como a Melhor Ativação de Marca. Este ano houve algumas alterações no figurino que visaram o alargamento da experiência a um maior número de festivaleiros. Mas a principal característica manteve-se, o local e o nome dos artistas apenas é anunciado algumas horas antes do showcase através das redes sociais da marca e do festival.

As sessões são apresentadas pela dupla de animadores da VodafoneFM, Joaquim Quadros e Pedro Moreira Dias, que têm oportunidade de falar com os artistas e colocar-lhes questões. A proximidade com o público e a partilha intimista acrescentam valor à experiência dos festivaleiros, tornando as Vodafone Music Sessions num ativo único e memorável que já se tornou obrigatório no Vodafone Paredes de Coura.