Onze anos depois do primeiro teste nuclear conduzido pela Coreia do Norte e passados oito anos sobre o primeiro teste considerado bem sucedido pela comunidade internacional, o país de Kim Jong-un fez detonar a sua primeira bomba de hidrogénio. Foi 10 vezes mais potente do que a última bomba detonada pela Coreia do Norte e quase oito vezes mais potente do que Little Boy, a bomba que explodiu em Hiroshima em 1945. Todas as diferenças entre uma bomba atómica e uma bomba de hidrogénio resumem-se a isso mesmo: a potência. É que a bomba atómica funciona de forma semelhante a uma central nuclear. A bomba de hidrogénio funciona como o núcleo de uma estrela.
Uma bomba atómica tem por base um processo chamado fissão nuclear. Esse processo ocorre quando uma partícula subatómica, o neutrão, colide com o núcleo de átomos de urânio, tornando-os instáveis. Para se tornarem mais estáveis, os átomos de urânio desintegram-se. Dessa desintegração nascem átomos de bário e de criptónio, são libertadas grandes quantidades de energia e são largados três neutrões. Esses neutrões podem continuar a colidir com outros átomos de urânio numa reação de fissão nuclear em cadeia. Processos como este são os que ocorrem dentro de uma central nuclear ou quando uma bomba atómica explode.
Mas uma bomba de hidrogénio é mais poderosa porque funciona com base no mesmo processo que ocorre no núcleo das estrelas: a fusão nuclear. Durante a fusão nuclear, os núcleos de dois átomos fundem-se para formar um núcleo maior. Dentro de uma bomba de hidrogénio, este processo acontece através de dois isótopos de átomos de hidrogénio: o deutério, que tem um protão e um neutrão e o trítio, que tem um protão mas dois neutrões. Este processo precisa de muita energia para ser desencadeada e só podem acontecer a uma temperatura de pelo menos 50 milhões de graus Celsius, daí as bombas de hidrogénio também serem denominadas bombas termonucleares. No entanto, a fusão nuclear liberta muito mais energia do que aquela que consome.
Então de onde vem a energia que funciona como gatilho para as bombas de hidrogénio? A maior das bombas termonucleares criadas até agora têm uma bomba atómica incorporada no seu interior, que ao explodir e ao desencadear um processo de fissão nuclear leva à libertação de grandes quantidades de energia na forma de raios-X. É essa a energia que vai originar o processo de fusão nuclear típico de uma bomba de hidrogénio. Mas o processo não se fica por aqui: como essa energia viaja à velocidade da luz, ela chega aos átomos de hidrogénio mais depressa do que a onda de choque que faz explodir a bomba. Por causa disso, cria-se dentro da bomba de hidrogénio uma reação de cadeia que alterna entre uma fusão nuclear e uma fissão nuclear até que a bomba ceda e liberte toda essa energia acumulada.
A maior explosão provocada pelo homem foi produzida por uma bomba de hidrogénio de três estágios que libertou 50 milhões de toneladas de TNT. A Tsar Bomba foi testada pela então União Soviética a 30 de outubro de 1961 em Nova Zembla, um arquipélago russo no Oceano Ártico. Era de tal forma destrutiva que a atual Rússia teve de retirar 50 megatoneladas de material da sua arquitetura inicial para diminuir os seus efeitos.