A secretária de Estado dos Assuntos Europeus saudou esta segunda-feira, em Bruxelas, o “voto maioritário alemão na Europa”, mas considerou que ainda é muito cedo para perceber o que poderá ser o quarto mandato da chanceler Angela Merkel.
Está tudo em aberto ainda, ainda é muito cedo para fazer comentários sobre o que é que a senhora Merkel vai poder fazer e quando é que vai poder fazer. Vai depender também muito dos lugares que forem negociados, quem será o próximo ministro das Finanças, quem será o ministro das Relações Exteriores… Está tudo muito ainda em aberto”, disse Ana Paula Zacarias, no dia seguinte às eleições na Alemanha.
A secretária de Estado, que representou Portugal esta segunda-feira num Conselho de Assuntos Gerais da União Europeia, participando de seguida numa conferência sobre o futuro das finanças da UE, escusou-se a traçar cenários sobre a futura coligação que governará a Alemanha, da qual os socialistas (SPD) já anunciaram que não farão parte, e, questionada sobre se um Governo com os Liberais será mais difícil para os argumentos dos países do sul, insistiu que ainda é cedo.
Ana Paula Zacarias reforçou que tudo vai depender muito das negociações internas que se seguem agora às eleições de domingo, “e vai depender também das personalidades que estiverem em jogo”.
Vamos a ver, está tudo muito ainda em aberto. Mas há uma coisa que eu acho que é importante sublinhar: é que há um voto maioritário alemão na Europa, e isso é muito importante. Apesar de haver um crescimento do AfD (Alternativa para a Alemanha, de extrema direita), há um voto maioritário alemão na Europa e numa perspetiva europeia para o futuro, e isso e muito importante”, realçou.
O Governo português saudou esta segunda-feira a reeleição de Angela Merkel na Alemanha e manifestou preocupação com a subida da extrema-direita, mas disse confiar na intransigência da chanceler e do provável líder da oposição face a “atitudes antidemocráticas e antieuropeias”.
“Saudamos a vitória da chanceler Angela Merkel, saudamos a força vencedora [União Democrata-Cristã (CDU)]”, declarou à Lusa, por telefone, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, que se encontra em Luanda, a acompanhar a deslocação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para participar na cerimónia de posse do novo chefe de Estado angolano, João Lourenço.
O chefe da diplomacia sustentou que “há evidentemente todas as condições para se formar um Governo forte e estável na Alemanha”, apesar de a negociação poder ser “mais complexa”, uma vez que provavelmente envolverá mais do que dois partidos.
Mas, salientou, a decisão do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) de passar à oposição – terminando assim a ‘grande coligação’ que governou o país nos últimos quatro anos -, “significará que a liderança da oposição no parlamento alemão estará numa força pró-europeia, democrática e muito madura”.
A CDU de Merkel, no poder há 12 anos, venceu as legislativas de domingo, embora enfraquecida pela subida da extrema-direita, e pelo baixo resultado que obteve (33%), que a obrigará a negociações para uma coligação. O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) conseguiu uma vitória histórica, ao assegurar a entrada direta no parlamento federal e constituir-se como terceira força política do país, com 12,6% dos votos.
A AfD entrou de rompante no Bundestag. Que partido é este afinal?