“Isaltino, o presidente de câmara corrupto que os portugueses adoram”. O título é do El País, que, uma semana depois das eleições autárquicas em Portugal dedica um artigo ao recém reeleito presidente da câmara de Oeiras, Isaltino Morais. O texto, assinado pelo correspondente do jornal espanhol em Portugal, Javier Martín del Barrio, destaca ainda que “os munícipes voltam a votar no presidente que os rouba“.

“Isaltino volta assim ao seu rico município, na franja costeira entre Lisboa e Cascais, onde sempre teria estado se os seus problemas com a justiça não o tivessem evitado”, lê-se no artigo, que conta toda a história de Isaltino Morais, desde a candidatura à primeira eleição autárquica, em 1985, à reeleição em 2017, passando pela saída da autarquia para integrar o governo de Durão Barroso em 2002, pelas acusações de fraude e pela prisão em 2013.

“Em 2009, foi condenado a sete anos de prisão, a uma multa de quase meio milhão de euros e à perda do cargo público, por fraude fiscal, abuso de poder, corrupção passiva para ato ilícito e branqueamento de capitais”, continua o artigo, que resume os problemas judiciais de Isaltino numa frase: “Foi condenado por conceder licenças a construtoras e aparecer dinheiro numa conta suíça de Isaltino“.

O El País relata também os 44 recursos que Isaltino já apresentou, chegando até ao Tribunal Constitucional, e como acabou por ir para a prisão quatro anos depois da condenação, já com uma pena reduzida para dois anos, de onde saiu em liberdade condicional 14 meses depois. “Isaltino, o Fraudeman, já tem a maioria absoluta de Oeiras, um município metido numa bolha imobiliária para felicidade do seu presidente de câmara”, escreve o jornalista espanhol.

O artigo remata com uma referência a Moçambique, “ex-colónia portuguesa”, onde a Frelimo decidiu “que aos corruptos do partido não se deve levar ao ostracismo, antes pelo contrário, há que os ‘re-socializar'”. “Isaltino é o grande re-socializado de Portugal“, conclui o texto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR