Foi em novembro que Donald Trump triunfou nas eleições norte-americanas. Quase um ano depois, estas continuam a fazer correr tinta, sobretudo por causa da alegada ingerência russa — algo que desde maio está a ser investigado pelo procurador especial (e ex-diretor do FBI) Robert Mueller.
Agora, sabe-se que o Facebook (é a própria empresa quem o confirma) estima que cerca de dez milhões de utilizadores desta rede social nos Estados Unidos viram pelo menos um dos mais de três mil anúncios de caráter político pagos por contas falsas (num total de 470 contas, que investiram mais de cem mil dólares em anúncios pagos) operadas nos últimos dois anos a partir da Rússia. 44% dos anúncios foram vistos antes das eleições presidenciais norte-americanas e os restantes após a vitória do candidato republicano Donald Trump.
Esta primeira informação foi divulgada na última segunda-feira pelo vice-presidente do departamento de política e comunicações do Facebook, Elliot Schrage. A informação (sobre contas falsas e anúncios pagos) foi depois entregue pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, a Robert Mueller.
Uma semana depois, Elliot Schrage volta a pronunciar-se em comunicado sobre o assunto, escrevendo que muitos destes anúncios tinham “mensagens sociais e políticas divisórias”, nomeadamente sobre imigração, uso de armas de fogo e temáticas LGBT. Mais, adianta Schrage, 5% dos anúncios foram igualmente exibidos noutra rede social que é pertença do Facebook: o Instagram. Agora, o Facebook pretende mudar a forma como estes anúncios são disponibilizados na rede social, pertendendo o Facebook incluir uma “revisão e aprovação humana adicional” muitos dos anúncios.. No entanto, acrescenta o Facebook, a maior parte dos anúncios agora investigados “não viola as suas políticas”.
Os investigadores, tanto da equipa do procurador especial Robert Mueller como do Congresso norte-americano, pretendem saber como é que os operadores russos usaram o Facebook, a Google, o Twitter e outras redes sociais para aumentar a desinformação durante a corrida eleitoral à Casa Branca. O Twitter anunciou na semana passada o encerramento de mais de duzentas contas ligadas aos mesmos operadores russos que publicaram milhares de anúncios de caráter político no Facebook. A Google, por sua vez, não confirmou a recente notícia do Washignton Post que garante que a empresa também descobriu publicidade (nomeadamente no YouTube e no Gmail) comprada por contas falsas sediadas na Rússia.
“Temos um conjunto de políticas rigorosas para os anúncios. Não são permitidos anúncios que conduzam a uma segmentação política ou à segmentação com base na religião ou na raça. Estamos a estudar mais aprofundadamente as tentativas de abusar dos nossos sistemas. Vamos trabalhar com a investigação”, explicou a porta-voz da Google, Andrea Faville.