Chegou ao Governo português aos 38 anos quando António Guterres o chamou para assumir o cargo de secretário de Estado Adjunto do Ministro do Ambiente, uma pasta que pertencia em 1995 a Elisa Ferreira. Atrás de si, José Sócrates já tinha uma caminhada pela política: fora membro-fundador da Juventude Social Democrata, depois, já no PS, defendeu o nudismo enquanto deputado na Assembleia da República por Castelo Branco e chamou a atenção dos líderes políticos do PS quando se tornou porta-voz de assuntos ambientais do partido em 1991. 19 anos mais tarde, tornar-se-ia no primeiro ex-primeiro-ministro português a ser detido pelas autoridades.

Na história do país, Sócrates deixou assinatura: foi ele quem negociou com a UEFA a candidatura de Portugal à realização do Euro 2004 em Portugal — apesar das acusações de subornos feitos por Carlos Cruz — e conquistou a primeira maioria absoluta do PS. Enquanto primeiro-ministro, passou do “Porreiro, pá!” da Cimeira de Lisboa para chamar a troika em 2011, pouco depois de ter pedido a demissão no meio de uma crise política e financeira em Portugal. Pelo meio, ainda viu o título de engenheiro ser posto em causa no âmbito do processo da Universidade Independente, já que conclui uma das cadeiras da licenciatura ao domingo.

Saiu do Governo para ir para Paris estudar Filosofia, onde viveu mais de um ano em apartamentos de luxo e escreveu um livro, José Sócrates foi detido por suspeita de crimes de branqueamento de capitais e corrupção no âmbito da Operação Marquês. Esteve quase um ano na prisão de Évora, saiu para prisão domiciliária e começou a reaparecer depois em actos públicos. Mais de um mês depois de ter lançado um vídeo no YouTube onde reafirmava ser vítima de uma perseguição pelo Ministério Público — algo que tem repetido desde o início do processo — José Sócrates foi acusado de 31 crimes num despacho de quase 4 mil páginas a que o Observador teve acesso.

Veja na fotogaleria a vida política de José Sócrates em 32 passos.

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