O planeta-anão Haumea é, possivelmente, o mais desconhecido dos cinco planetas-anão reconhecidos pela União Astronómica Internacional – os restantes são Plutão, Ceres, Eris e Makemake. Foi descoberto em 2003, tem a forma de uma bola de rugby e, sabe-se agora, é o único dos “anões” que tem um anel.

A descoberta, publicada esta quarta-feira na revista Nature, foi feita pelo Instituto Astrofísico da Andaluzia, encabeçado pelo investigador José Luiz Ortiz. Estes planetas são difíceis de estudar devido à distância a que estão do nosso planeta, ao seu tamanho e ao pouco brilho que produzem. Uma das formas de os analisar de forma mais detalhada é quando passam entre a Terra e uma estrela, eclipsando a luz.

Foi o que aconteceu com o Haumea, a 21 de janeiro deste ano. A equipa de investigadores foi “capaz de reconstruir com muita precisão a forma e o tamanho” do planeta-anão, descobrindo que “é bastante maior do que se pensava e menos refletor do que se pensava“, revela José Luiz Ortiz. O mais inesperado, contudo, foi “a descoberta de um anel ao redor do Haumea”, pois anteriormente só se conhecia a existência de anéis em planetas gigantes – como Saturno ou Urano – e em centauros entre Júpiter e Neptuno. Ortiz acrescenta que agora “descobriram que corpos mais distantes que os centauros, maiores e com caracteristicas gerais muito distintas também podem ter anéis”.

E as características do Haumea são mesmo bem distintas: demora 284 anos a completar uma órbita em torno do Sol, dá uma volta sobre si mesmo a cada 3,9 horas e, graças a esta velocidade de rotação, que é a mais rápida de todos os corpos com tamanho semelhante ou mais pequeno de todo o Sistema Solar, o planeta-anão ganhou uma forma semelhante à de uma bola de rugby. Mede tanto em termos de largura como Plutão, mas, ao contrário do mais conhecido dos “anões”, carece de uma atmosfera.

O anel do Haumea, explica Ortiz, “pode ter-se originado após uma colisão com outro objeto ou pela libertação de parte do material superficial” graças à alta velocidade de rotação do planeta. Isto indica que a presença de anéis em torno de objetos que estão para além de Neptuno pode ser mais comum do que se pensa.

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