O Museu da Música vai ser transferido em 2019 para o Palácio Foz, em Lisboa, onde vai ficar exposto o espólio do romantismo, e para Palácio de Mafra, que vai acolher o acervo barroco, disse esta quinta-feira o Ministério da Cultura.
A tutela, que remete mais pormenores da mudança para o anúncio oficial a efetuar a 17 de novembro, em Mafra, disse à agência Lusa que, até ao final de 2018, pretende transferir o espólio do barroco sacro e profano do século XVIII, das instalações do atual Museu Nacional da Música, em Lisboa, para o Palácio Nacional de Mafra, onde vai existir também um setor dedicado às bandas filarmónicas e militares.
O Ministério da Cultura vai manter na capital, no Palácio Foz, o espólio associado à música palaciana dos séculos XVIII e XIX, bem como documentação relativa às escolas, músicos e tertúlias dos séculos XX e XXI, abandonando as instalações do Alto dos Moinhos, pertencente ao Metropolitano de Lisboa.
A criação dos dois pólos do museu tem como objetivo “potenciar da melhor forma as coleções existentes, dando-lhes maior visibilidade e permitindo uma mais adequada fruição pelos públicos nacionais e estrangeiros”, apontou o Ministério da Cultura, em resposta à agência Lusa.
O gabinete do ministro Luís Filipe de Castro Mendes adiantou à Lusa que o processo de transferência “deverá ficar concluído” até ao final de 2018, data em que terá de devolver ao Metropolitano de Lisboa as instalações hoje ocupadas pelo Museu Nacional da Música.
“Havia a necessidade de encontrar uma solução definitiva e adequada às necessidades da coleção”, justificou a tutela, acrescentando que a solução de dividir o Museu por dois espaços “responde, no fundamental, ao compromisso do governo anterior com o Município de Mafra” e é encarada como uma “mais-valia”.
A opção insere-se na estratégia de revitalizar a Rede Portuguesa de Museus, promover a desconcentração dos museus nacionais, através da criação de polos que permitam o acesso mais próximo da população, como escreve o Governo, na proposta de Orçamento do Estado para 2018.
A área da Cultura, tutelada por Luís Filipe de Castro Mendes, defende que “uma parte das coleções deve ficar associada às escolas de música e aos meios musicais de Lisboa, com os quais o Museu tem estabelecido nos últimos anos uma relação muito estreita”.
O jornal Público tinha noticiado, na quarta-feira, o anúncio “para breve” da divisão do Museu Nacional da Música em dois pólos — um, no Palácio Foz, em Lisboa, e o outro no Palácio de Mafra –, atribuindo a decisão ao titular da Cultura.
Questionado pela Lusa, o ministério esclareceu que os custos com a logística associada à transferência do espólio “estão ainda a ser estimados e serão suportados pelos orçamentos das entidades envolvidas”.
Tanto o Palácio Foz, como o Palácio de Mafra não requerem “obras de vulto” para a instalação do Museu Nacional da Música.
O Ministério da Cultura justificou a opção pelo Palácio Foz, por vir “conferir um novo dinamismo a este edifício nobre da cidade de Lisboa, mas também representa um investimento na harmoniosa relação entre os Restauradores, a Avenida da Liberdade, a Baixa e o Bairro Alto”.
Em Mafra, o museu vai ocupar dois pisos, na ala sul do Palácio, que foram desocupados há cerca de dois anos pelo Município.
O Museu da Música encontra-se instalado num espaço provisório desde 1994, disponibilizado pelo Metropolitano de Lisboa, na estação do Alto dos Moinhos.
Antes esteve no edifício do Conservatório Nacional (1946-1971), de onde seguiu para o Palácio Pimenta (1971-1975), acabando por ser depositado na Biblioteca Nacional (1980-1991), em Lisboa, onde foi feita inventariação.
De 1991 a 1994, as coleções do museu estiveram armazenadas no Palácio de Mafra, onde permaneceram empacotadas até à sua exposição ao público, com a abertura do museu, em Lisboa, em 26 de julho de 1994.
O Museu da Música detém “uma das mais ricas coleções da Europa”, de acordo com a sua apresentação, contando com cerca de 1.400 instrumentos, entre os quais o cravo de Joaquim José Antunes (1758), o cravo de Pascal Taskin (1782), o piano Boisselot, que o compositor e pianista Franz Liszt trouxe a Lisboa, em 1845, e o violoncelo de Antonio Stradivari, que pertenceu ao rei D. Luís.
Espólios documentais, acervos fonográficos e iconográficos, como os de Alfredo Keil, autor do Hino Nacional, fazem igualmente parte do Museu da Música.