O calendário marca 3 de novembro de 2017, mas na cabeça de Marc Lamik não. “Isto parece Berlim há oito anos, quando me mudei para lá. Parece que estou a viver o mesmo”, afirma ao Observador o responsável pela área de inovação de produto da Zalando. A plataforma de moda online líder na Europa, que começou como uma startup alemã de oito pessoas em 2008 e hoje emprega 32 mil pessoas em todo mundo, acaba de chegar a Portugal.
Mais de dois anos depois da primeira visita a Portugal, Lisboa foi a cidade escolhida pela Zalando para ser o destino do terceiro hub tecnológico internacional. “Apesar de ser uma das capitais europeias mais distantes, há uma atmosfera simpática e toda a gente está disponível para colaborar”, explica o responsável.
Zalando. Gigante alemã abre centro tecnológico em Lisboa e contrata 50 pessoas
É, a partir deste Centro Tecnológico, que a Zalando pretende desenvolver produtos de raiz, linhas próprias com total liberdade e exceder as expectativas dos clientes. Lamik sente-se como peixe na água. “Gosto de startups, por isso, para mim, é como voltar ao princípio, começar a trabalhar numa sede pequena e vê-la crescer mês, após mês”, refere Marc que também se mudou para Lisboa com a família.
Para já, o primeiro passo da Zalando é contratar colaboradores, montar as equipas de trabalho e manter o espírito empreendedor que caracteriza a empresa.
“Queremos ter pessoas boas a trabalhar para nós. Não vamos contratar massas, mas sim pessoas qualificadas, os melhores talentos. E Lisboa é boa para isso”, explica Marc.
Engenharia de software frontend e backend, product managers, designers são alguns dos cargos que estão à procura. Ao todo, a Zalando espera empregar 50 colaboradores no primeiro ano e mais 100 até ao fim de 2020. “Estas pessoas não vão trabalhar para fora, mas sim para o nosso produto aqui. Manter esta cultura e ideais de empresa vai nos ajudar a ter sucesso em Lisboa”, afirma Marc que o processo de recrutamento já começou.
A aposta é na melhoria da experiência digital da empresa
A maioria dos colaboradores da área de tecnologia estão localizados na sede da empresa em Berlim, com cerca de 120 pessoas nos centros em Dortmund e Hamburgo. A empresa tem ainda um Centro de Insights da Moda, em Dublin, e um centro tecnológico em Helsínquia.
O importante é continuar a apostar na melhor experiência digital para os clientes. A loja de roupa, sapatos e acessórios online alemã tem investido fortemente também na logística, apostando em grandes centros de distribuição para expandir a capacidade e acelerar as entregas das encomendas.
“O nosso foco é o cliente. Temos de estar na linha da frente da tecnologia, mas também responder às queixas dos clientes e às suas necessidades”, afirma ao Observador.
O responsável pelas áreas de inovação e parcerias não avançou os valores de investimento com o novo centro tecnológico em Lisboa, mas salienta que o apoio governamental e das instituições portuguesas foi fundamental. “Ajudaram-nos muito no networking. Nós também queremos fazer parte deste ecossistema empreendedor de Portugal”, acrescenta Marc.
Por isso, as portas estarão abertas. A plataforma de moda online usa tecnologias de ponta e open source como a React, Docker ou Scala. “Vamos continuar a apostar nos open sources e pretendemos procurar apoio aqui, com startups nacionais.”, acrescenta.
O responsável da plataforma de moda online líder na Europa espera colaborar com o ecossistema local, tal como a Zalando fez no início em Berlim. “Quando começamos éramos poucas e ninguém sabia bem o que estava a acontecer. Não queremos ser apenas um player, queremos intervir”, diz.
E nem aproximação da rival Amazon, que recentemente chegou ao mercado espanhol e em junho lançou um programa de moda chamado Prime Wardrobe, assusta-os. “Eles são um grande player e quem estiver no e-commerce e não quiser saber deles, é louco. Mas não abrimos aqui para sermos os primeiros. Nós andamos sempre à procura de bons lugares para os centros de tecnologia”, esclarece.
A localização do novo escritório não foi revelada, mas Marc garante que ficará no “coração da cidade, sem vista para o rio e bem servida de transportes públicos”. “Foi umas das coisas que aprendemos no início e está no ADN da empresa: escritórios próximos de transportes porque queremos que seja fácil vir trabalhar”, diz.