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Um fim de semana, um hotel: Companhia das Culturas

Este artigo tem mais de 5 anos

Perto de Castro Marim, no Algarve, há um turismo rural que leva bem a sério a noção de "sustentabilidade". Entre os cheiros da serra e a brisa do mar, conheça a Companhia das Culturas.

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Vasco Celio

Vasco Celio

O que interessa saber

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Nome: Companhia das Culuturas
Abriu em: 2007
Onde fica: Fazenda São Bartolomeu, Rua do Monte Grande, Castro Marim
O que é: Um turismo rural na zona serrana do Algarve, com 9 quartos e uma nova área (a antiga Casa Agrícola) com 4 apartamentos. Tudo isto inserido numa propriedade de 40 hectares com piscina, Hamam, Cork Box e muitas zonas de verdes.
Quem manda: Francisco Palma-Dias e Eglantina Monteiro
Quanto custa uma noite: De 80€ a 280€ por pessoa, com pequeno almoço incluído.
Qual é a vista: Campo
Contacto: 960 362 927 / 281 957 062
Reservas: reservas@companhiadasculturas.com
Links importantes: Site, Facebook

A história

A Fazenda São Bartolomeu, complexo com dois edifícios distintos, está na família de Francisco Palma-Dias há sete gerações. Esta antiga exploração agrícola que, em tempos idos, se dedicou à produção de azeite, mel, gado e cereais, chegou às suas mãos quando Francisco regressou a Portugal, depois de 21 anos de vida no estrangeiro. Nessa altura, uma das zonas estava de pé e a outra não passava de ruínas — “toda a localidade vivia do emprego que a fazenda proporcionava, ela era um organismo essencial deste sítio”, explica Francisco ao Observador. Ao deparar-se com esta realidade, o homem que em tempos teve um restaurante de comida biológica na Bélgica, decidiu dar-lhe uma vida nova. Dez anos de planeamento depois, decidiu com a mulher, a antropóloga Eglantina Monteiro, apostar naquilo que hoje se conhece como Companhia das Culturas.

Com a ideia do “não é construção mas sim recuperação” em mente, esta propriedade a 1,5 quilómetros da Praia Verde, a quatro da Vila histórica de Castro Marim e a seis da Reserva Natural da Ria Formosa, ganhou novo rumo: a zona da sala de refeições tomou o lugar da anterior casa da cortiça e do mel, a sala-de-estar/biblioteca era antigamente o lagar de azeite, e os quartos já tinham servido de abrigo ao fazendeiro, ao caseiro ou até mesmo aos animais.

Um dos quartos deste alojamento. © FILIPE FARINHA / STILLS

O pequeno-almoço

Francisco e Eglantina tentam desenvolver entre a Companhia das Culturas (CC) e a sua envolvência uma relação de respeito, proteção, ensino e divulgação. Procuram garantir que aqui só se consumem alimentos nacionais e da região, como a azeitona Maçanilha, a alfarroba ou os figos — o que acaba por influenciar todas as refeições que servem, sobretudo o pequeno-almoço.

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Realizado quase sempre numa zona exterior, coberto pela sombra e pelo fresco da vegetação envolvente, o pequeno-almoço vai chegando à mesa mal se senta. Primeiro chega o pão tradicional fatiado, que é servido ligeiramente firme por fora e leve por dentro. Aos poucos vão surgindo várias compotas (sempre feitas na CC, com frutos colhidos na propriedade) cujos sabores podem ir variando entre figo ou laranja. Logo depois do leve mas forte queijo de cabra fresco, é chegada a altura de dar as boas vindas às carnes frias — com destaque para o paio de porco preto –, aos bolos fatiados e aos ovos mexidos, que tanto podem ser feitos com tomate ou com cogumelos. Seja qual for a opção, tudo cumprirá a regra de ouro de Francisco: só se come o que há aqui.

Um pormenor da mesa do pequeno-almoço. ©Vasco Célio

Os serviços

Assim que se entra na CC, uma das primeiras coisas a chamar a atenção são as grandes portas de ferro da cork box. Neste cubo cujo interior é todo forrado a cortiça — e onde antigamente se guardavam as debulhadoras agrícolas — vai poder ter aulas de yoga e tai chi. A poucos metros do complexo principal (e original) da propriedade encontra-se a sua mais recente novidade, o hamam.

É na antiga Casa Agrícola da fazenda que nasceu, há pouco mais de um ano, este banho turco — é essa a tradução mais aproximada da palavra árabe hamam — e uma zona de apoio, onde são feitas massagens (usando óleos essenciais feitos com plantas da propriedade).

Este projeto foi concebido de raiz para ser um spa (que pode ser usado por não hóspedes, também), embora a sua forma oval e a cúpula com pequenos buracos (para deixar passar a luz) já tenham confundido algumas pessoas: “Alguns habitantes aqui da aldeia já me perguntar se aquilo era um forno de padeiro”, diz Eglantina.

A entrada do hamam, onde ficam os balneários. ©FILIPE FARINHA / STILLS

Coisas para fazer à volta

Como “desligar” é a ideia base deste projeto (os quartos não têm televisão e só há Wi-Fi nas zonas comuns, por exemplo), poderá não ter grande vontade de ir explorar as redondezas, contudo, caso queira ir espairecer, não faltam opções de qualidade.

A primeira chama-se Noélia e Jerónimo e é um dos restaurantes algarvios mais populares. Localizado em Cabanas de Tavira, a uns 20 minutos de carro da CC, este espaço trata por tu a cozinha tradicional portuguesa (sobretudo a mais ligada ao peixe e ao marisco), servindo-a com alguns rasgos mais contemporâneos, como é o caso do imperdível atum braseado com arroz de gengibre e amêndoas, por exemplo.

Outra opção interessante para matar a fome encontra-se ainda mais perto, no fundo da rua que dá acesso ao turismo rural, e chama-se Pão Quente. Este espaço que se divide em dois — a entrada faz-se pelo café, mas basta atravessar uma porta para chegar à generosa sala de refeições, que até esplanada tem — é uma boa sugestão para quem procura uma refeição simples e ligada aos sabores algarvios. Os choquinhos com tinta são bons, mas é a mista de porco preto grelhado que leva a taça.

Finalmente, resta sugerir um passeio até Alcoutim, que fica a uma boa meia-hora da CC. Assente numa das margens do Guadiana, esta localidade fica a um rio de distância de Espanha. Pode sempre ir visitar nuestros hermanos nos vários ferrys que partem da marina e, se for adepto de opções mais radicais, há a possibilidade de regressar a terras lusas através de um slide enorme que sobrevoa o rio. Esta pacata vila algarvia tem vários bares e restaurantes, bons para a arte de “esplanadar”.

“Um fim de semana, um hotel” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer hotéis de norte a sul de Portugal.

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