Ksenia Sobchak quer que os russos votem contra o sistema, ou seja, contra Vladimir Putin, nas próximas eleições presidenciais, marcadas para março de 2018. A socialite e estrela de televisão de 36 anos está a agitar as eleições na Rússia mas, apesar de ser uma de poucas vozes ativas contra Putin, são muitos os que a consideram uma distração tendo em conta Alexei Navalny, o líder da oposição que está impedido de concorrer contra o atual presidente.

A ligação de Sobchak à política está precisamente no apelido. Aquela a quem chamam de Paris Hilton russa, dado o estatuto de celebridade e algumas semelhanças físicas, é filha de Anatoly Sobchak, presidente da câmara de São Petersburgo nos anos 1990 e mentor de Putin. O pai faleceu em 2000 de ataque cardíaco, mas as suspeitas de envenenamento perduram até aos dias de hoje.

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Foi em meados de outubro que Sobchak, licenciada em Relações Internacionais, anunciou a candidatura numa carta publicada no jornal Védomosti. Nela, a socialite diz-se ciente dos riscos e da complexidade da tarefa. “Acho mesmo que consigo fazer com que as pessoas votem contra o sistema ao votarem por Ksenia Sobchak”, disse a russa à CNN. A agora candidata presidencial começou a participar em protestos a favor da oposição em 2011 e 2012, mas há quem a critique pela falta de um plano claro.

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Já Alexei Navalny defende que a candidatura da socialite é um “jogo repugnante do Kremelin” chamado “vamos arranjar um palhaço liberal para as eleições para distrair as atenções”. Navalny está impedido de concorrer devido ao que diz ser “uma acusação politicamente motivada”. Sobchak já prometeu afastar-se caso o líder da oposição entre efetivamente na corrida.

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Ksenia Sobchak, jornalista, atriz, fashionista assumida, ex-editora de moda e modelo — foi até capa da Playboy russa em 2006, tal como conta o Folha de São Paulo — tem algumas visões bem distintas de Vladimir Putin. Serve de exemplo o facto de defender publicamente que a Crimeia pertence à Ucrânia e não à Rússia. “A Crimeia é ucraniana por lei internacional.”

Na primeira conferência de imprensa que deu, Sobachak apresentou uma agenda liberal, pediu a libertação de prisioneiros políticos na Rússia, incluindo o seu amigo e diretor de teatro Kirill Serebrennikov, e criticou a legitimidade das eleições. “Podem troçar de mim, do meu passado, mas a minha intenção é tornar estas eleições num reality show e criar novas regras.”

No entanto, a candidata já fez saber que não se vai virar contra Putin. Citada pelo britânico The Independent, argumenta que o atual presidente russo salvou a vida do pai, pelo que escolheu não insultá-lo.