Rui Patrício foi campeão nacional de iniciados, bicampeão nacional de juvenis e campeão nacional de juniores, além de ter ganho ainda alguns títulos regionais nas camadas jovens. Nos seniores, tem Taças de Portugal e Supertaças, falta-lhe o Campeonato Nacional. Mas o guarda-redes (que chegou a ser avançado) de Marrazes continua a ter o foco nesse objetivo. Entretanto, vai fazendo história. E em alguns capítulos uma história com mais de uma década.

A história de Rui Patrício. Ser guarda-redes porque outro amuou

Quando fez o primeiro encontro pelos seniores frente ao Marítimo, a 19 de novembro de 2006, o número 1 leonino conseguiu defender uma grande penalidade e assegurou o triunfo por 1-0 com golo de Rodrigo Tello. Agora, com o Famalicão, Patrício voltou a repetir a façanha e somou já o 13.º penálti defendido desde essa altura, numa lista que inclui os nomes de FC Porto e Benfica ou dos estrangeiros Metalist ou CSKA Moscovo.

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A forma como se prepara um jogo depende das estratégias de cada um. Algo que faço é a visualização. Visualizamo-nos no jogo, imaginamo-nos a fazer as defesas, como interagimos. São estratégias minhas. Não é só para o futebol, também faço isso na minha vida pessoal”, explicou numa entrevista à TV e ao jornal do clube esta semana.

Ao longo desse tempo, o guarda-redes foi batendo recordes: é o jogador do Sporting com mais jogos na Champions; entrou no top-5 dos jogadores com mais encontros de sempre pelos leões; e por pouco não marcou ele próprio um golo, na deslocação do conjunto verde e branco a Enschede em 2009 para defrontar o Twente (acabou por ser atribuído autogolo ao defesa Wisgerhof, mas foi o cabeceamento de Patrício na área contrária que fez a diferença). Além de, claro, se ter tornado campeão europeu de clubes em França no ano passado, o que lhe valeu no final do ano o prémio de terceiro melhor guarda-redes e 12.º melhor jogador do mundo.

Uma das grandes defesas de Patrício no Euro, que serviu de inspiração para uma estátua em Leiria (Matthias Hangst/Getty Images)

Esta semana, o número 1, de 29 anos, abordou em entrevista algumas das coisas que mudaram: dos filhos Pedro e Eva (que nasceu há um mês) à importância de ter trabalhado com uma psicóloga (“Deu-me outro modo de saber viver com os erros. Trabalhei com uma pessoa da área, a Ana Ramires. Comecei aos 23 anos. Quem me dera que tivesse sido mais cedo, antes de jogar na equipa principal. Quase de certeza que chegaria lá melhor preparado. Conhecemo-nos melhor e percebemos como estamos para depois criarmos as nossas próprias estratégias para o jogo, em cada momento, para sabermos viver com os erros em qualquer situação”, contou), passando também pelas ligações ao ioga e aos barcos, uma paixão mais recente.

Fiz ioga durante alguns anos a nível de recuperação. A parte dos ensinamentos vem do ‘Atma Kriya Yoga’. Fiz o curso e faço os exercícios todos os dias. Se não fizer começa o stress… Sinto a diferença. Interiormente, para estar bem, é uma arma que eu tenho (…) Os barcos permitem momentos de introspeção. Por acaso o Fábio Coentrão já tentou levar-me para experimentar a pesca, mas ainda não caí nessa tentação. Gosto de navegar, para espairecer um pouco. São momentos relaxantes no mar e tornou-se uma paixão”, contou.